Banco de Abrolhos é maior refúgio de vida marinha da costa brasileira
As baleias também fazem festa quando chegam à Bahia. Não é axé, mas é um ritmo pesado de batidas fortes. Elas comemoram o fim da viagem de 4 mil quilômetros, do extremo sul do continente, na Antártica, até Abrolhos, no sul da Bahia. Os pesquisadores confirmam que em 2011 houve um recorde: 7 mil baleias vieram ao Brasil, no período de junho a novembro.
No arquipélago dos Abrolhos, elas se sentem em casa, após dois meses de viagem na longa travessia do Atlântico Sul, para acasalar e ter os seus filhotes, que já nascem com quatro metros de comprimento e pesando uma tonelada. Os adultos chegam a 16 metros e 40 toneladas. O cinegrafista Enrico Marcovaldi conseguiu a imagem da baleia com o filhote logo após o parto e por pouco não foi atingido pela cauda da baleia.
Biólogos e oceanógrafos de dez universidades brasileiras pesquisam o banco dos Abrolhos para ampliar a área de preservação do paraíso das baleias. “Existe uma grande necessidade de que o conjunto das áreas protegidas aqui da região sejam criadas, isso inclui a ampliação do parque e a criação de outras áreas de uso múltiplos”, afirma o ambientalista, Guilherme Dutra.
Apenas os 93 mil hectares do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos são preservados, mas o banco inteiro tem 420 quilômetros de extensão costeira e avança 200 quilômetros para dentro do mar, ocupando uma área do tamanho dos estados da Paraíba e de Alagoas.
Os pesquisadores seguem no barco pela imensidão do banco dos Abrolhos, muito além da área do parque nacional. A equipe do Fantástico vai a mais de 100 quilômetros de distância da costa, em um ponto que certamente nunca foi explorado por mergulhadores.
É surpreendente a diversidade de vida marinha. O budião fica envolto a uma bolha de mucosa para se proteger dos predadores. O caramujo hermitão tem uma carapaça que também o protege nas caminhadas pelo fundo do mar. O camarão palhaço é mais uma atração do banco dos Abrolhos. Os cardumes se encontram. Só nas áreas mais preservadas é possível ver tantos baiacus reunidos.
Mas o grande tesouro dessa região são os corais. É o maior banco de corais do Atlântico Sul. Os chapeirões servem de abrigos para os mais diversos cardumes. E o coral cérebro só existe na região. É uma exclusividade do banco de Abrolhos.
Mas, apesar dessa riqueza em biodiversidade, as pesquisas têm resultados preocupantes. “Em quase sete anos de monitoramento que nós estamos verificando na região, a cada ano a quantidade de peixes está diminuindo. Para isso, existem estratégias de manejo. Uma delas são as áreas protegidas”, explica o biólogo Matheus Freitas.
“Para que nós possamos escolher as áreas corretas de proteção, nós precisamos fazer esse monte de atividades de pesquisa, desde as bactérias que estão na água até as estruturas maiores, como os rodolitos e os peixes”, afirma o ambientalista, Eduardo Camargo.
Buracas são fendas que existem nas pedras, no fundo do mar. A equipe do Fantástico desce por elas, a 35 metros, para conhecê-las. E encontra forte correnteza, arrastando grande quantidade de algas, no paredão da plataforma continental.
As algas ficam encalhadas nas buracas e formam tapetes imensos, que podem encobrir um mergulhador. Nas buracas, existem cavernas e túneis, sempre cheios de vida. Ao lado delas, no canteiro de algas, nascem os rodolitos. São formações calcárias que vão crescendo com o tempo e contribuindo como cenário de preservação das espécies existentes na região.
O banco de Abrolhos precisa ser preservado como maior refúgio da vida marinha na costa brasileira.
http://fantastico.globo.com