No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta terça-feira (5), a equipe do G1 Pará foi acompanhar de perto o projeto Peixe-boi, que trata os animais da espécie capturados em pesca ilegal e depois os coloca em cativeiros naturais para adaptação. O projeto é desenvolvido pelo Centro de Mamíferos Aquáticos em parceria com o Centro de Pesquisa e Conservação do Norte e Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos, todos da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), além da Superintendência do Ibama, em Belém.
O local onde estão os animais é uma base do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que fica dentro do Centro de Estudos Pesqueiros do Norte (CEPNOR), localizada na Ufra. A sede foi instalada em 2007 com o objetivo de receber os animais capturados em encalhes e também aqueles vítimas de caça ilegal. Atualmente, oito animais, que chegaram ainda filhotes, são tratados pelo projeto.
O tratador Gledson Aquino diz que é um trabalho prazeroso. “Gosto de trabalhar aqui, contribuir para que eles retornem logo ao seu habitat natural. O que mais nos dá trabalho é o filhote menor, que chamamos de Sardinha por ser arisco na hora que precisamos alimentá-lo, mas, isso se dá porque ele foi recentemente capturado de uma área de risco”, explica.
O objetivo é encaminhar os animais à soltura após o período de reabilitação. Muitos chegam lesionados, durando cerca de dois anos até que ocorra o desmame. Só assim eles poderão retornar ao meio.
Segundo a coordenadora do grupo de pesquisas do projeto, Ana Silva Sardinha, os animais selecionados passarão por um período de adaptação em um cativeiro natural previamente selecionado por técnicos do ICMBio. “A área selecionada geralmente é de educação ambiental. Lá eles serão monitorados através de colares de rádio telemetria, localizados nas caudas dos mamíferos. O ideal é que eles passem pouco tempo no cativeiro. Só que eles vêm muito machucados e leva certo tempo até que fiquem curados”, afirma.
Ainda segundo Ana Silvia, a preocupação na hora da soltura é muito grande por eles passarem muito tempo sendo tratados. “Eles vieram bebês para os nossos cuidados e são animais muito dóceis, isso nos preocupa na hora da soltura pois, uma vez acostumados com o homem, tendem a se aproximar das pessoas e isso os deixa vulneráveis aos caçadores”, acrescenta.
As instituições parceiras atuam através da realização de pesquisas na área de sanidade, etologia, nutrição e de ações de voluntariado por parte de professores, técnicos e estudantes. Este projeto contribui para a capacitação de estudantes de graduação e pós-graduação. Há também o suporte do Hospital Veterinário (HOVET) da Ufra para os exames como Raio-x, ultrassonografia e patologia clínica.
A estagiária de medicina veterinária, Luana Ruivo, fala que a experiência em tratar dos mamíferos “é um trabalho muito interessante para área veterinária. Eu ajudo no manejo dos animais até a limpeza da área, quando necessário. Aprendo muita coisa com eles. O projeto peixe-boi vem a contribuir muito com o meu crescimento profissional”, avalia.
O projeto também recebe ajuda do Juizado de Meio Ambiente, por meio da juíza Maria Vitória, que determina o cumprimento de penas alternativas de pessoas que praticaram crimes ambientais através da compra de alimentos (leite de soja, óleo de canola) e de serviços, como consertos de piscinas, etc.
O técnico do ICMBio, Bruno Iespa, diz que o projeto está sempre precisando de ajuda, como artigos de limpeza para a manutenção das piscinas de fibra de vidro. “Precisamos de muita coisa, porém o que é mais necessário são os materiais para alimentação deles. Todos os peixes-boi possuem uma dieta especial e, atualmente, estão em processo de desmame, tomando leite duas vezes ao dia, pois já começamos a introduzir as folhagens.”
O Grupo de Estudos de Animais Selvagens – GEAS Ufra, em parceria com o Projeto Peixe-Boi, tem mobilizado as pessoas para as ações de voluntariado, como doação de garrafas pet de um litro, utilizadas como mamadeiras.