Apesar de ameaçados, jaraqui e surubim não entram na lista de espécies protegidas em período de defeso no AM
O jaraqui e o surubim ficaram novamente fora da lista de peixes que serão protegidos durante o período do defeso no Amazonas, a partir do dia 15 de novembro. Segundo o analista ambiental José Leland, estudioso do assunto e assessor da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Amazonas, José Leland, estas duas espécies estão com seus estoques naturais cada vez mais em declínio e deveriam ser incluídas no grupo de defeso.
Conforme Leland, depois do pirarucu e do tambaqui, o jaraqui e o surubim são as espécies que mais sofrem com o esgotamento de estoque de peixe no Amazonas. Por outro lado, conforme o analista, não há indicações científicas de que as espécies matrinxã, pacu, sardinha, pirapitinga e mapará, cinco das oito espécies incluídas, estão com seu estoque em situação crítica.
A escolha do grupo de espécies que entrará no defeso entre os dias 15 de novembro e 31 de março foi tomada na última segunda-feira (13) pelos membros do Conselho Estadual de Pesca e Aquicultura (Conepa). Segundo Leland, que integra o Conepa e foi voto vencido, a escolha é feita de forma aleatória e de acordo com a conveniência econômica dos que não aceitaram a proposta.
“Não conseguimos alterar absolutamente nada na reunião de segunda-feira. Estamos propondo a inclusão dessas duas espécies com base em dados científicos que mostram evidências de que estes peixes estão com redução de tamanho por conta da diminuição do estoque. São pescados ainda pequenos, sem chegar à idade adulta. O tamanho do surubim adulto, por exemplo, é de 80 centímetros, que é quando ele pode ser capturado. Mas a gente vê nas feiras um surubim de no máximo 40 centímetros. Isso prova que está sendo pescado ainda jovem e há um esgotamento do estoque”, explicou.
Aruanã
O jaraqui corre maior risco, segundo Leland. Conforme o analista ambiental, o jaraqui é a única espécie que está “massivamente ovado” entre os meses de novembro e março, que é quando ocorre o período de defeso.
“Trata-se de uma espécie que vem dando sinais de redução. Hoje as pessoas precisam ir para mais longe para pescar e conseguir encher os barcos. Antes ocorria no Estado todo capturavam no baixo Purus, hoje estão indo para o Médio Purus, ou Médio Solimões e Baixo Amazonas. Uma pescaria que durava 10 dias, hoje dura 30 dias”, diz Leland.
Nos rios e lagos próximos de Manaus, conforme o analista, o jaraqui é encontrado apenas sazonalmente, não em grande escala.
José Leland, contudo, defendeu a inclusão do aruanã, mas em um outra data para o defeso. “O aruanã está em situação diferente. Ele é um peixe residente, que não sai do lago, e não faz piracema (não sobe o rio para fazer a desova), mas tem sido muito capturado em contrabando como peixe ornamental. E também é um peixe muito consumido porque sua carne é boa para dieta. Por isso poderia ser proibido em outra época e não na mesma portaria dos demais por medida de precaução”, contou.
Outra espécie que vem sofrendo declínio de estoque é o tambaqui, que tem um defeso mais abrangente, entre os dias 01 de outubro de 2012 a 31 de março de 2013. Para Leland, contudo, o tambaqui deveria ser proibido em período integral, pelo menos nos próximos quatro anos. Um projeto de lei apresentado ano passado, aprovado pela Conepa, tramita na Assembleia Legislativa, mas ainda não foi levado para votação.
A pesca do Pirarucu permanece proibida durante todo o ano, sendo apenas permitida nas áreas manejadas, desde que autorizadas pelo Ibama.
Pescadores
Procurado para se posicionar sobre o assunto, o presidente da Federação dos Pescadores do Estado do Amazonas, Walzenir Falcão, negou que a categoria não queira proteger o jaraqui durante a desova. Conforme Falcão, um representante da federação participou da reunião com missão de propor a inclusão do jaraqui no defeso.
“Esse peixe merece ser protegido. A federação e as colônias são a favor do jaraqui ir para o defeso. O conselho é composto por um monte de pessoas que participam com outros interesses e não de proteger as espécies”, disse Falcão.
Quanto ao surubim, ele afirmou que trata-se de um peixe que está “em uma situação que envolve o Pará e o Amapá”. Falcão disse que “ainda não há uma definição de quando o surubim está ovado” para saber o melhor período para sua proteção.
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