Ameaçado de extinção há 15 anos, o atum vermelho se recupera graças a cotas de pesca impostas aos países. Apesar dos avanços, a Comissão Internacional para a Conservação de Atum do Atlântico (Iccat, na sigla em inglês) se reúne em novembro para pedir a manutenção dos atuais limites de pesca, de 13 mil toneladas ao ano.
“A população de atum vermelho no Atlântico leste e no Mediterrâneo está aumentando e o objetivo de reconstituição dos estoques, esperados para 2022, poderá ser atingido antes”, observou a comissão, em um relatório divulgado no início do mês.
Em 1998, o conselho científico do Iccat lançou um alerta afirmando que a pesca desenfreada do atum vermelho ameaçava a espécie, um grande predador do Atlântico norte que se reproduz nas águas do Mediterrâneo, na primavera. Em 2010, a União Europeia tentou inscrever o peixe na lista dos ameaçados de extinção, o que resultaria na proibição da sua comercialização.
Desde então, a redução ainda maior das cotas liberadas de pesca e uma fiscalização mais eficaz resultaram em uma melhoria significativa da situação. “Todas as análises mostram que a biomassa está aumentando e os estoques devem estar reconstituídos até 2022”, afirmou ao jornal Le Figaro Jean-Marc Fromentin, cientista do de l’Ifremer (Instituto Francês de Pesquisas de Exploração Marítima) e que participa do comitê científico internacional.
Um relatório do Iccat divulgado há duas semanas constata a inversão do cenário. O atum vermelho é conhecido por se reproduzir rapidamente e por, a cada vez que isso acontece, dispersar milhares de ovos no mar.
A boa notícia já foi imediatamente apropriada pelos maiores pescadores, que devem pressionar os 48 países-membros da comissão a aliviar as rédeas do controle da pesca, na próxima reunião do órgão, em Agadir (Marrocos). De 1999 a 2008, a meta era de 30 mil toneladas – mas, na prática, cerca de 50 mil toneladas eram capturadas. A urgência da situação fez a autorização cair para 22 mil toneladas em 2009, 13,5 mil toneladas em 2010 e chegar a críticas 12,9 mil toneladas nos últimos dois anos.
Segundo o especialista francês, o aumento da população de atum nos mares não significa que a pesca pode ser liberada. “O estoque não está recuperado, e há fortes incertezas sobre a amplitude e a velocidade da reconstituição. Os planos e as cotas atuais devem ser mantidos”, advertiu.