Espécies marítimas do litoral do RS sofrem com o lixo jogado na praia
A ação humana na natureza é causa de morte de animais de diversas espécies marítimas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A prova disso está no Centro de Estudos Costeiros da Universidade Federal do estado, o Ceclimar, que fica na praia de Imbé. A rotina do local inclui a coleta de animais encontrados sem vida na orla para que sejam avaliados. Esses exemplares, em sua maioria, foram vítimas do lixo jogado à beira-mar pelos visitantes.
Palitos de pirulito, códigos de barra de alimentos, baganas de cigarro, que não se decompõem, e todo tipo de plástico são separados pelos pesquisadores e estudantes do Ceclimar. Tudo foi retirado do estômago e intestino das tartarugas encontradas na praia. Algumas chegam ao local com vida, mas não resistem aos danos internos. Segundo o biólogo Ignácio Moreno, da ONG Gemars, que há 20 anos trabalha na preservação das espécies no litoral gaúcho, a maioria é de animais jovens, que nem chegaram a se reproduzir.
“Precisamos entender que preservando esse processo que a natureza criou há milhares de anos, a gente está se preservando. A sobrevivência da espécie humana depende da biodiversidade”, diz Ignácio.
No entanto, alguns animais chegam vivos ao Ceclimar. No setor de reabilitação, eles são abrigados, recebem tratamento e alimentação. Há pinguins que se perderam dos grupos e até uma fêmea de atobá marrom, espécie poucas vezes avistada na costa gaúcha. Um leão marinho chamado Gordo mora lá há oito meses. Ele foi trazido por um homem após ser encontrado na areia da praia. Na verdade, o animal estava apenas descansando sob o sol, mas acabou se machucado durante o transporte inadequado e não pode retornar ao mar.
“Damos peixe na boca e jogamos também na piscina, para que ele vá buscar e assim se movimente, faça exercícios. Mas não tocamos nele, porque é um animal selvagem e tem que ser respeitado”, explica a estudante de biologia Alice Pereira.
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