Incentivo à pesca de tubarões revolta ambientalistas em Pernambuco
Um grupo de cidadãos criou um movimento em Pernambuco que incentiva a captura de tubarões no estado. Mas os ambientalistas não gostaram, e o caso foi parar na polícia.
São 34 quilômetros de praia entre Olinda e o Cabo de Santo Agostinho, onde há risco de ataque. As placas advertem: banho seguro só no trecho protegido pelos arrecifes. Nos últimos 20 anos, 57 surfistas e banhistas que se aventuraram no mar aberto foram atacados. Destes, 21 morreram.
O medo dos tubarões se espalhou. Chegou ao ponto de um grupo se reunir para combinar estratégias para evitar novos ataques. O movimento defende a captura dos animais. Fornece material para os pescadores e até uma recompensa em dinheiro.
Eles já doaram seis linhas de até um quilômetro, cheias de anzóis próprios para a pesca do tubarão. Um deles foi fisgado pela armadilha de um pescador aliado do movimento. Ele ganhou R$ 360 e uma cesta básica.
O movimento, formado por engenheiros de pesca, biólogos, médicos, defende também a instalação, ao longo de 16 quilômetros do litoral, de uma tela de aço galvanizado, um espécie de alambrado com sensores que afugentem os tubarões.
“A partir do momento que for implantado o sistema de segurança que propomos, nós cessamos todas as ações de captura”, garante o coordenador do grupo, Bruno Pantoja
Mas os ambientalistas não concordam com os métodos do Propesca. Pesquisadores do Comitê Estadual que Monitora Incidentes com Tubarões (Cemit) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fazem um trabalho de prevenção dos ataques. Segundo os estudos, o tubarão é atraído para as praias a partir de mudanças ambientais que teriam sido provocadas pela construção do Porto de Suape, a 57 quilômetros do Recife.
Os ambientalistas monitoram os tubarões. Eles são capturados vivos e levados para uma área a mais de 20 quilômetros da praia.
“A atividade de pesca é prevista para determinados fins, mas não para resolver problemas ambientais e não com premiação. Ninguém tem licença para fazer isso que não seja o poder público”, ressalva Rosângela Lessa, presidente do Cemit.
O Cemit acionou a Delegacia do Meio Ambiente, que, por sua vez, pediu ajuda ao Ministério Público. O caso está sendo analisado.
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