Cerca de uma tonelada de resíduos foram retirados do fundo do mar da praia da Barra, em Salvador, em uma iniciativa que juntou 15 mergulhadores do Projeto Fundo Limpo e voluntários.
Uma enceradeira, de 1,44 m, e um fogão industrial estavam entre o lixo coletado e chamaram a atenção dos soteropolitanos e turistas que transitavam na região nessa quinta-feira (14/2).
De acordo com a Escola de Mergulho Galeão Sacramento, ao menos 560 unidades de lata de alumínio e 213 garrafas plásticas foram encontradas no meio subaquático. O material foi encaminhado para uma empresa de reciclagem.
Do total recolhido, destacam-se 74 abadás de blocos e camarotes do Carnaval 2013 e 530 palitos de madeira (picolé e churrasquinho).
A ação teve como objetivo remover a maior quantidade possível de resíduos do meio marinho entre o Porto da Barra e o Cristo, numa tentativa de sensibilizar a população para a necessidade da limpeza do mar e para os efeitos nefastos da poluição marítima.
Segundo o oceanógrafo Gerson Fernandino, muita gente vê o fundo do mar como um depósito de lixo. E essa visão tem que ser mudada. O lixo causa problemas e até morte da fauna marinha, sufocamento de corais e problemas para banhistas. Dentro desta ótica o Projeto Fundo Limpo pretende não só retirar o maior número possível de lixo do mar, como também realizar, em uma segunda etapa, uma pesquisa científica com o material coletado.
“Queremos gerar conhecimento científico com os resultados obtidos e disponibilizar para a população e frequentadores das praias, a fim de alertá-los para o problema da poluição, criando mais consciência ecológica”, declarou o diretor da Escola de Mergulho Galeão Sacramento, Bruno Rocha Souza.
O oceanógrafo Gerson Ferdinando explicou que o lixo marinho não fica restrito apenas à faixa de areia. Plástico, madeira, vidro, tecido, metal, borracha, entre outros itens, são constantemente encontrados flutuando na coluna d’água e depositados no fundo do mar.
“O lixo de fundo, também chamado de lixo bentônico, ameaça de diversas formas os animais e os ecossistemas associados ao fundo marinho, sufocando corais, entupindo brânquias de pequenos animais filtradores. Também são ingeridos por predadores que o confundem com alimento e emaranhando e afogando peixes, tartarugas, golfinhos e tubarões”, explicou.
”Sem falar que as praias têm papel fundamental na atração de turistas para Salvador. A grande quantidade de lixo espalhado nas areias e no fundo do mar é um desestímulo ao turismo da cidade”, acrescentou.
Materiais e métodos
Para a realização do Projeto Fundo Limpo foi utilizado a metodologia sugerida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), com todos os equipamentos básicos que assegurem a integridade dos mergulhadores envolvidos na coleta.
A operação também incluiu equipamentos destinados à remoção e armazenamento dos itens (embarcações de apoio, cabos, GPS, boias e sacos-rede) e registro de dados, informações e imagens (câmera para filmagem e fotografia). Desde setembro do ano passado que o projeto ganhou mais fundo científico.
Todo o material coletado será examinado em laboratório. Assim vamos entender os fatores que contribuem para a entrada deste lixo no fundo do mar.
Do material já analisado foi observado que parte dele estava depositado na areia da praia e se deslocou para o mar com o fluxo e refluxo da maré.
Muitos banhistas que estavam no Porto da Barra, louvaram a iniciativa. O turista paulista Mario Freitas, terminou tirando fotos do lixo coletado e comentou que “é preciso que as pessoas se conscientizem de que o mar não é uma lixeira, comentou.
http://bahia.ig.com.br