A situação entre os profissionais da pesca franco-guianenses e brasileiros é tensa e já dura quase uma década. Roubos de carga, expulsões e invasão de águas estrangeiras são o motivo da revolta dos franceses. Neste fim de semana, um funcionário do consulado quase entrou em confronto com os pescadores. Os franco-guianenses também pedem que a França perdoe as dívidas da comunidade pesqueira e estabeleça um plano de reestruturação do setor, afetado pela concorrência ilegal.
Nesta edição, ouça o representante dos pescadores e um especialista em relações internacionais. O presidente do comitê dos pescadores da Guiana Francesa, Jocelly Médaille, afirma que os profissionais não deixarão a entrada do consulado até que o governo brasileiro estabeleça medidas para a fiscalização e prisão de pescadores ilegais vindos do Brasil. Ele também denuncia atos de pirataria de brasileiros em águas francesas.
Outro ponto de discórdia é a ponte do rio Oiapoque, que ligaria o norte do Amapá ao departamento francês. Ela está pronta desde 2011 do lado da França, mas ainda inacabada na margem brasileira, o que causa indignação na população local.
A Guiana Francesa concentra a maior região de fronteira entre a França e um país vizinho. Mais de 400 quilômetros demarcam a separação entre os dois países.Para o professor de Geografia Política e Mestre em Relações Internacionais da UERJ, Ricardo Luigi, a falta de interesse em resolver esses impasses pelo lado brasileiro é o retrato do descaso das autoridades em relação à região norte do país.