Pescadores do reservatório da hidrelétrica de Itaipu entregaram, ontem terça-feira (19), ao diretor-geral brasileiro da usina, Jorge Samek, um abaixo-assinado com aproximadamente 1.800 assinaturas pedindo a liberação do cultivo de tilápica na região. Eles pedem que se altere o decreto 4256/02, que proíbe o cultivo de espécies de peixe que não são de ocorrência natural em águas fronteiriças.
Samek prometeu apoiar a reivindicação dos pescadores e encaminhar o assunto ao Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Pesca. “A tilápia é um peixe com uma excelente taxa de conversão. Com um quilo de ração, se produz um quilo de carne, diferentemente do pacu (espécie que já vem sendo cultivada na região), que tem uma taxa de 1 para 400 gramas.
Então, o impacto econômico e social da tilapicultura seria tremendo”, disse o diretor, lembrando que existem aproximadamente mil famílias de pescadores artesanais no reservatório.
Outra vantagem da tilápia está no rápido crescimento do peixe, permitindo duas “safras” anuais, contra apenas uma do pacu. Na opinião do presidente da Colônia de Pescadores de Entre Rios do Oeste, Walter Kist, a tilápia tem ainda a vantagem de ser mais conhecida e aceita pelos consumidores.
“Quando começamos o cultivo do pacu, achávamos que a liberação da tilápia ocorreria em pouco tempo, mas vários anos já se passaram e a situação não mudou”, explicou Kist, justificando a mobilização dos pescadores. Kilst, por sinal, é um pioneiro da aquicultura na região. Cultiva peixes em tanques-rede desde 1994.
No documento entregue à Itaipu, os pescadores argumentam que já existe parecer técnico do Ibama favorável à introdução da tilápia na aquicultura da região. Além disso, há estudos que reconhecem a ocorrência da espécie no Rio Paraná e o próprio Ibama autoriza o seu cultivo nos rios Iguaçu e Paranapanema, que são afluentes do Paraná.
Os pescadores encaminharam o documento à Itaipu por conta das ações desenvolvidas pela binacional no âmbito do programa Cultivando Água Boa, como a implantação de Parque Aquícolas e o cultivo de peixes em tanques-rede. Estudos feitos pela binacional indicam que a utilização de apenas 0,2% da lâmina d’água do reservatório seria suficiente para multiplicar por nove a produção de peixe atual.
“O reservatório é uma verdadeira fazenda, que está à disposição para a produção de proteína animal, mas cujo potencial não vem sendo plenamente aproveitado. Acreditamos que com a liberação do cultivo de tilápia, esse modelo de produção pode ser replicado em outras hidrelétricas. Outro fator positivo é que reduziria o interesse pela pesca predatória, permitindo o fortalecimento da pesca esportiva, que é de grande interesse para o desenvolvimento do turismo”, acrescentou Samek.
Além de pescadores, também assinam o documento representantes de instituições de ensino, como a Unioeste e o Instituto Federal do Paraná, prefeituras e órgãos de governos dos municípios lindeiros. A entrega ocorreu dentro da programação do 1º Workshop de Tilapicultura em Tanque-rede da Bacia do Rio Paraná, promovido nesta terça-feira, no Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu.
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