Pesca clandestina ameaça mais de 100 espécies em lago de reserva no Amapá
Apesar de ter entrada proibida, pescadores invadem ilegalmente a Reserva Biológica do Lago Piratuba, no extremo Leste do Amapá. A atividade predatória acontece desde outubro do ano passado e causou desmatamento completo de um trecho de mata fechada. Isto gerou acesso criminoso à reserva por uma área de mangue chamada Boiado.
A retirada da vegetação nativa na área de Boiado resultou em uma espécie de canal que tem levado água do Oceano Atlântico ao Lago Piratuba. A entrada da água salgada pode “matar” o lago, segundo avaliação do biólogo do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), Eduardo Marques. “Todas as espécies que ali habitam podem sofrer alteração e até ser extintas”, alertou.
A Reserva Biológica do Lago Piratuba existe desde 1980 e tem 357 mil hectares de extensão, integrando o Corredor de Biodiversidade do Amapá – correspondente a 72% da área do Estado. Ambientalistas consideram a região um berçário ecológico, pois abriga 139 espécies de aves, entre elas garças, guarás, taquiris e maguaris. O local também é usado por tartarugas da amazônia no período de desova.
Durante uma fiscalização do Instituto Chico Mendes e o Batalhão Ambiental, em janeiro deste ano, foram apreendidas sete embarcações que praticavam pesca na reserva. Os donos dos barcos e a tripulação ainda respondem processo administrativo e criminal.
Invasão do mar
Na reserva existe uma comunidade chamada Vila do Sucurijú, com cerca de 600 moradores. Eles construíram seis barreiras de madeira para tentar impedir a entrada do mar. Mas durante o inverno amazônico (maio a novembro), o esforço acaba sendo ineficaz.
A reserva é formada formada por extensos campos inundáveis, um sistema de lagos e uma estreita faixa de floresta de várzea, acompanhando o Rio Araguari. Há forte presença de manguezais, entre eles, o mangue-vermelho e o mangue-amarelo. Em decorrência dos diferentes ecossistemas, a região atrai espécies de aves migratórias. Nos campos das planícies alagadas vivem capivaras, lontras, preguiças, entre outros animais. O turismo na reserva é proibido.
Somente em janeiro deste ano, o Batalhão Ambiental montou um posto policial na sede do ICMBio, dentro da reserva.
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