Características geográficas diferentes e um ecossistema mais equilibrado, estão entre uma série de condições costeiras que contribuem para que não sejam registrados ataques de tubarões no litoral da Paraíba, é o que diz o professor do departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ricardo Rosa.
Para Ricardo, que trabalha com o estudo de arraias desde 1979 e com tubarões desde o início da década de 90, a existência de um maior número de estuários, canais profundos próximos da costa, águas mais turvas, maior número de banhistas expostos e grandes alterações ambientais, como o Porto de Suape, são fatores que favorecem a interação negativa entre banhistas e tubarões no estado de Pernambuco, mas são aspectos locais e que não estão presentes no litoral paraibano.
“Na Paraíba não há registro científico, mas há um registro histórico de um ataque na praia do Bessa há muito tempo e desde então nunca mais foi registrado qualquer ataque de tubarão nas praias paraibanas”, disse.
De acordo com Ricardo Rosa, os tipos mais comuns e potencialmente perigosos, que podem ser encontrados no litoral paraibano, são o tubarão-tigre e os tubarões do gênero ‘Carcharhinus’, que incluem diversas espécies entre elas o galha-preta e o cabeça-chata. Ricardo lembrou ainda que o tubarão cabeça-chata é uma espécie comum a todo o litoral brasileiro, e tem preferência por águas salobras e turvas.
Apesar de haver uma diferença no ecossistema do litoral paraibano, já foram identificados problemas como poluição e sobrepesca, que vem fazendo com que tubarões de diversas espécies se encontrem sob o risco de extinção. Conforme o professor, uma pesquisa do Ministério do Meio Ambiente vem levantando dados sobre a questão da pesca predatória e ainda este ano deverá ser apresentado um plano de conservação, para adoção de medidas de preservação dos tubarões e arraias do litoral brasileiro.
” A maioria das espécies já se encontram ameaçadas de extinção por causa da pesca, muitos tubarões também caem em redes e são levados pelos pescadores que vendem as barbatanas, já que a carne não tem muito valor comercial”, completou Ricardo Rosa.
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