Maricultura ganha espaço na economia de Penha e movimenta R$ 4 milhões por ano em SC
As belas praias e a diversão do Parque Beto Carrero World são, inegavelmente, os atrativos que mais impulsionam o crescimento de Penha. Mas o que pouca gente sabe é que não só de turismo vive o município que completa 55 anos nesta sexta-feira. Uma breve visita à Praia de Armação do Itapocorói basta para que uma fonte mais recente de desenvolvimento apareça no horizonte, nas enormes fazendas de mariscos. Se o passeio for feito de barco, a noção é ainda melhor do tamanho da maricultura, com as centenas de milhares de sementes distribuídas pelo mar. O setor produz cerca de 3 mil toneladas por ano na cidade e movimenta R$ 4 milhões de forma direta.
A estimativa é que existam entre 70 e 80 maricultores em Penha, com pelo menos 250 famílias envolvidas no cultivo. Carlos Eduardo Domeciano faz parte de uma delas, e o trabalho não tem sido fácil neste ano. O custo elevado das sementes e a mortandade dos mariscos acima da média causam prejuízos à produção, que ainda não atinge os números esperados. Diariamente, a média é de 10 pencas retiradas do mar, que rendem entre 50 e 60 quilos do molusco.
— Aqui a gente sai pro mar o tempo todo, só para de trabalhar durante a noite. Mas tem alguma coisa na água matando quase metade dos animais — comenta Carlos Eduardo.
Ciclos
Em alto-mar, as sementes demoram até um ano para se tornarem mariscos adultos e prontos para a colheita. Cada ponto das fazendas é avaliado cuidadosamente pelos maricultores, que observam quais moluscos estão respondendo bem ao cultivo. Nos barcos e nas redes, os moluscos saudáveis dividem espaço com os animais que pouco se desenvolveram. Os produtores lamentam os problemas da safra, mas sabem que a maricultura vive de ciclos e já esperam por dias melhores.
— Trabalho com isso há 10, 15 anos e estou acostumado. Já teve ano que a produção estava ruim, em outros melhorou. É assim — diz o maricultor Emerson Francisco Dias.
A expectativa é de que o cenário mude um pouco na época mais indicada para a produção, que começa em outubro. Mas enquanto a primavera não chega, quem depende da maricultura não desanima diante da menor quantidade do molusco na temporada.
— Produtor é assim: quando está preocupado com o pouco marisco, vem a natureza e te dá esperança — destaca o maricultor Nei Domeciano, com a primeira leva boa de mariscos nas mãos após um dia difícil de cultivo.
Univali impulsionou produção nos anos 1990
Desde 1994 a cidade de Penha conta com o Centro Experimental de Maricultura (Cemar) da Univali. A estrutura foi responsável pelo incremento da produção de moluscos no Estado em mais de 90%, desde a sua instalação. O centro implementou o cultivo de moluscos marinhos na região apresentando à comunidade local uma nova alternativa econômica devido aos sinais de decadência apresentados pela pesca artesanal à época.
Em 2002, o Cemar ganhou o reforço do Laboratório de Produção de Moluscos, que passou a criar, de forma experimental, sementes de mariscos e ostras para incrementar a crescente produção de moluscos em Santa Catarina. A ideia é aprimorar as técnicas de cultivo, envolvendo os produtores e reforçando a atuação da Cooperativa dos Maricultores.
— Basicamente trabalhamos no desenvolvimento tecnológico do cultivo, concentrando esforços também no monitoramento ambiental dessas áreas — explica o professor Gilberto Manzoni, que atua no Cemar.
Impulsionada pela iniciativa da Univali há duas décadas, a maricultura em Penha se destaca hoje como o segundo maior parque produtivo de Santa Catarina e do país (perde para Palhoça, que cresceu nos últimos anos). Não por acaso, a cidade do Litoral Norte ainda é conhecida como a capital nacional do marisco.
Secretaria da Pesca vê setor em expansão
Para o secretário de Pesca e Agricultura de Penha, Luiz Fernando Vailatti, o Ferrão, a pesca artesanal ainda divide espaço com a maricultura como segunda atividade econômica do município, depois do turismo. Mesmo assim, ele destaca que muitos pescadores têm migrado para a produção de mariscos e considera o setor em plena expansão. Vailatti ressalta também que o Executivo tem sido parceiro dos maricultores, com a implementação de projetos e o trabalho para regularizar em Brasília as áreas de maricultura.
— É um segmento importante para a cidade, que contribui muito para nosso desenvolvimento econômico — diz o secretário.
Em uma das ações de apoio, a equipe técnica da Secretaria de Pesca e Agricultura, em conjunto com a Associação de Maricultores da Penha (Amap) e com a Univali de Penha, participou em junho deste ano de um seminário sobre as “Perspectivas do Assentamento Remoto de Mexilhões”. O encontro teve como objetivo a apresentação dos resultados de pesquisas feitas em Santa Catarina e discutir o futuro do assentamento remoto de mexilhões na região Sul do Brasil.
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