Indígenas Enawenê-Nawê voltam a fazer uso do timbó e matam milhares de peixes no Rio Juruena-MT
Moradores do Distrito de Fontanillas, distante cerca de 60 km de Juína, denunciaram na manhã dessa segunda-feira, 02 de setembro, uma agressão ao meio ambiente, supostamente praticada por indígenas da etnia Enawenê-Nawê, que após dois anos, voltaram a fazer uso do cipó denominado ‘timbó nas águas do Rio Juruena nesse final de semana.
A pesca com uso do timbó faz parte de um ritual sagrado dos Enawenê-Nawê. Uma vez utilizada, a planta possui um veneno e jogada no rio baixa a oxigenação da água, causando a mortandade dos peixes, que flutuam causando forte odor.
De acordo com Oziel Dalto, diretor da Associação dos Moradores do Distrito de Fontanillas, os ribeirinhos estão revoltados, principalmente aqueles que dependem da pesca para sobreviver. Ele informa que o timbó foi jogado em várias lagoas dentro do Rio Juruena, o que provocou a morte de peixes de várias espécies e tamanhos.
“Essa é uma coisa muito triste de se ver, agente luta pela preservação, respeitamos no período da piracema porque entendemos que cada um precisa fazer a sua parte e agora um ato desse destrói tudo”, disparou.
Oziel revelou ainda que os indígenas da etnia Rikbaktsa, conhecidos como canoeiros, ficaram descontentes com o ocorrido, já que também utilizam do rio para a pesca. Ele conversou com um deles e recebeu a informação de que nos últimos dois anos eles evitaram que o ato fosse praticado pelos Enawenê-Nawê, mas dessa vez não conseguiram impedir.
“Os ‘canoeiros’ fiscalizam e impedem, mas não estavam no momento e não puderam intervir, a lagoa é comprida e distante, milhares de peixes foram mortos, causando um grande estrago ambiental” colocou.
Rogério Borges, da Colônia de Pescadores Profissionais Z-20 de Juína, também falou sobre o uso do timbó e disse que várias reuniões já foram feitas em anos anteriores com os indígenas da etnia Enawenê-Nawê e um acordo de pesca foi firmado com eles que aceitaram trocar o timbó por produção de peixe na aldeia.
“Nós não temos conhecimento se os órgãos que se responsabilizaram em levar essas condições para que eles pudesse produzir o peixe lá que é o Ministério da Pesca que ficou incumbido de conseguir os tanques de peixes, até mesmo o município de Juína se comprometeu em ajudar, mas não temos conhecimento se isso foi feito ou se o acordo foi quebrado”, disse.
Borges reconhece que trata-se de uma tradição dos índios e não tem como discutir, “mas jogamos essa questão para a Sema, Ibama e principalmente para a Funai, esperamos que no futuro, se não terminar, que pelo menos diminua, porque sabemos que o timbó mata todas as espécies de peixes no rio, é uma situação bastante complicada, não podemos conviver mais com essa matança de peixes em nossa região, o peixe grande sobrevive do pequeno e se os alevinos são mortos na lagoa eles não vem pro rio e o peixe grande tem que ir embora a procura de alimento”.
A reportagem da Rádio Metropolitana FM procurou o Coordenador Regional da Funai em Juína, Antonio Carlos de Aquino, para falar sobre o caso. Ele informou que ficou sabendo na manhã de hoje da ação dos indígenas e ficou muito surpreso, já que tem sempre os orientado.
“Sempre orientamos para que não façam isso fora da área indígena, mas o ir e vir do indígena foge da governabilidade da Funai, onde eles querem ir e praticar seu procedimento, mas temos orientado eles exaustivamente para que não façam”, respondeu.
Aquino concluiu dizendo que “de maneira alguma compactuamos com esse tipo de ação, que pode ser considerado um crime ambiental, não só a Funai, mas também os outros organismos que estão se relacionando com os indígenas não compactuam”.
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