O tucunaré-açu corre risco de desaparecer dos rios da Amazônia em pouco tempo. A preocupação é de pescadores esportivos que vêm à região constantemente e presenciam, ano após ano, a diminuição do número de espécies, principalmente nas proximidades de Manaus. Preocupada com a situação, a Associação Nacional de Ecologia e Pesca Esportiva (Anepe) já está angariando recursos para desenvolver uma grande campanha que proteja a espécie no Amazonas.
O médico paulista Aldo Stamm, que há 15 anos vem a Manaus para a pesca esportiva do tucunaré-açu, faz questão de afirmar que a preocupação é tão notória que já existe um decreto do governo do Estado, de 6 de abril de 2011, disciplinando a pesca. Segundo o decreto 31.151, composto de 10 artigos, fica proibida a pesca comercial do tucunaré na área da bacia do rio Negro, entre as divisas do Amazonas com a Colômbia até a foz do rio Branco. Ainda é vedado o uso de rede de arrasto, substâncias tóxicas, explosivas e outras que produzem efeito semelhante.
“A região é muito grande e a fiscalização, falha. Entendemos que existem outras prioridades do Estado, mas é preciso que também haja preocupação com a espécie. São 25 mil pessoas que vêm por ano ao Amazonas para a pesca esportiva. Cada uma dessas pessoas gasta, em média, R$ 8 mil. Se o tucunaré-açu desaparecer, esse tipo de turismo acaba. Não podemos deixar que haja a pesca predatória”, assinala Stamm.
De acordo com o pescador esportivo Gustavo Reis, nos últimos 8 anos a diminuição do número de espécies é vertiginosa. Apaixonado pelo Amazonas desde 1981, quando veio ao Estado pela primeira vez, o empresário paulista é colaborador da revista “Pesca e Companhia” e um dos pescadores esportivos mais conhecidos do país. Ele assinala que fenômeno semelhante já aconteceu no Pantanal e que o Amazonas pode estar caminhando para o mesmo destino.
“No Pantanal já existem barcos abandonados, pois lá houve uma corrida desenfreada pelo peixe. Aqui no Amazonas também temos percebido que é cada vez mais difícil encontrar o tucunaré-açu. Pescador esportivo pega o peixe, registra e depois solta, mas temos visto que há um grande comércio em cima desta espécie e é por isso que está desaparecendo. Não pensam no futuro”, afirma Gustavo.
Na luta pela preservação da espécie no Amazonas, Aldo Stamm acredita, ainda, que o alerta está dado e para que o tucunaré-açu não desapareça, de fato, é preciso consciência ambiental tanto daqueles que gostam de pesca quanto daqueles que pouco entendem do assunto. “Estamos falando de um peixe que é o ‘embaixador da pesca esportiva no Brasil’. Será triste se um dia desaparecer. Estamos lutando para que isso não aconteça. Usamos o lema de que o tucunaré vivo vale mais para a comunidade do que ele morto”, destaca.