Peixe atraído por lixo assusta esportistas no rio Amazonas
Praticantes de kitesurf em Macapá dizem que estão preocupados com o aumento no número de peixes da espécie Carataí, típica do rio amazonas. Com espinhos resistentes e afiados, o animal, que tem em média 10 cm de comprimento, chegou a ferir a perna do fisioterapeuta Jim Daves Almeida, de 35 anos, kitesurfista desde 2005. O acúmulo de lixo nas margens do rio, na orla da capital, é o principal atrativo para a espécie de ‘onívoro’ (que se alimenta de carne e de vegetal), segundo informou o Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa).
“O peixe já penetrou a perna de muitas pessoas aqui. A gente sabe que ele não é tão agressivo, na verdade aprendemos a conviver com ele. Mas o que preocupa é esse crescimento desordenado”, disse Jim Daves, membro da Associação de Velejadores do Amapá (Avap). Ele acrescentou que a entidade está reunindo assinaturas que serão encaminhadas para a prefeitura e para o governo do estado pedindo a promoção de ações voltadas ao combate da poluição aquática.
O biólogo do Iepa Maurício Abidon explicou que a urina de banhistas e o impacto com que eles entram na água também são fatores que podem contribuir para o aparecimento do peixe. “É uma espécie que sempre esteve em abundância. Mas pode se concentrar ainda mais quando é atraída por esses elementos”, afirmou o biólogo.
Há pouco mais de um mês treinando o kitesurf, o advogado Flávio Mendes, de 41 anos, disse ser obrigado a lavar constantemente o colete usado para o esporte em decorrência do mau cheiro gerado pela contaminação da água.
“A minha roupa fica impregnada com o fedor. Nós vemos que o esgoto e o lixo acumulado prejudicam não só os treinos, mas também o passeio das pessoas. O Carataí se tornou comum entre nós, mas não é por um bom motivo”, reforçou o advogado.
Mutirões de limpeza na orla da cidade estão sendo realizados desde setembro de 2013 pela prefeitura. O projeto, intitulado “Viva Orla”, é promovido mensalmente. Contudo, a Secretaria Municipal de Manutenção Urbanística (Semur) alegou enfrentar dificuldades para a coleta de lixo após rescindir o contrato emergencial firmado com a empresa responsável pela prestação do serviço na capital.
“Estamos agindo com uma força tarefa para limpar a cidade. Fazemos a remoção do material que fica dentro do rio, mas nesse momento nós temos um acúmulo maior por causa desse período de inverno que enche os canais e [o lixo] acaba sendo levado para os rios”, declarou o titular da Semur José Mont’Alverne.
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