O Instituto do Meio Ambiente (IMA) constatou uma grande concentração de coliformes fecais na Lagoa Manguaba, no município do Pilar, interior de Alagoas, onde no ano passado muitos peixes morreram. E o relatório do IMA preocupa: a quantidade de esgoto é 16 vezes maior que o nível aceitável pelos técnicos. Quem tomar banho ou comer peixes da Lagoa pode sofrer sérios riscos.
O resultado da análise das amostras de água coletadas na Lagoa Manguaba saiu esta semana, e de acordo com o IMA na região do porto e na Foz do Rio Paraíba do Meio foram encontradas altas concentrações de coliformes fecais. Mais de 16 mil por 100 miligramas de água, 16 vezes mais do que o nível aceitável.
“Não encontramos nenhum tipo de metal pesado que pudesse causar uma intoxicação, mas encontramos esgoto na região” , diz Ricardo César, diretor técnico do IMA.
Em maio do ano passado, apareceu uma grande quantidade de tilápias mortas na Lagoa Manguaba, prejudicando a pesca na região. Na época, o Ministério da Pesca e da Aquicultura encomendou exames em laboratórios credenciados. A suspeita era de contaminação por bactérias, mas esta hipótese foi descartada e novas amostras de água foram coletadas pelo IMA.
“Quando aconteceu este fenômeno nós estávamos em um período de seca, a salinidade da Lagoa Manguaba tinha aumentado e por ser um peixe exótico e de água doce, ele foi buscar um local onde a salinidade era menor que fica bem na foz do rio onde há uma grande quantidade de esgorto”, explica Ricardo César.
O porto do mercado, local onde os pescadores se encontram para comercializar a pesca do dia é um dos locais mais poluídos. Todo o esgoto do Pilar deságua na Lagoa Manguaba. E a quantidade de lixo que que corre para a lagoa é impressionante.
Benedito Batista diz que a situação fica bem pior depois das 17h, quando até animais mortos descem para Lagoa. “Toda essa imundice desce pelo rio, desde a praça da Marreca até chegar aqui embaixo trazendo cachorro, galinha morta e muito mais”, diz o pescador.
Ele conta ainda que a água está tão poluída que a maioria dos pescadores desenvolveu doenças de pele. “É frieira, é coceira, é tudo quanto é tipo de coisa a gente pega aqui nessa água”, relata Benedito Batista.
O infectologista Fernando Maia alerta que quem tomar banho na Lagoa, consumir a água ou peixes mal cozidos pescados no local podem sofrer com diarreia.
O prefeito do Pilar, Carlos Alberto Canuto, diz que o início do projeto de saneamento básico do município depende da liberação de recursos bloqueados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Temos que resolver esse problema e para isso vamos devolver o restante do recurso do projeto da gestão passada ao Tribunal e assim obtermos novos recursos através de novos projetos e com certeza iremos conseguir”, afirma o prefeito.