José Leão, 49, começou a pescar usando um equipamento de R$ 300. Hoje, somando o valor das varas, das iscas e dos acessórios que mantêm em casa, calcula ter investido R$ 20 mil ao longo dos nove anos em que pratica a pesca esportiva.
Morador de Goiânia (GO), escolheu a pesca como atividade de lazer após abandonar o futebol, por conta de uma lesão no joelho. “Antes pesava 57 quilos, agora peso 72. Só fico sentado pescando e bebendo”, diz, rindo. Mesmo gastando mais do que gastaria com o futebol, diz preferir a nova atividade.
“No futebol só sai briga e, na pesca, só faço amizades. O cara tem que ser muito ruim para não se dar bem com outros pescadores”, afirma. Há um ano, ele também fez do hobby seu trabalho, abrindo a loja Rota do Pescador.
Ruy Varella, 55, também fez da pesca sua atividade profissional. Jornalista de formação, dava aulas em uma universidade de Porto Alegre, onde vive, quando resolveu que ia escrever e fotografar tendo apenas as pescarias como tema. Atualmente, trabalha na revista Pesca Esportiva.
Para Varella, que pesca há 30 anos, a atividade é uma forma de conhecer outros lugares e estar em contato com a natureza. “O trabalho me dá oportunidade de fazer viagens que não teria como fazer por conta própria, como ir à Patagônia [no extremo sul do Chile e da Argentina]”, diz.
Quando questionado se alguma história o havia marcado, ele diz que as saídas para pescar eram mais agradáveis na companhia de sua cadela da raça collie, chamada Fly –nome da modalidade de pesca feita na superfície da água–, que morreu há quatro anos.
“Ela me ajudava a pescar, ficava na beira do rio olhando em silêncio, para não assustá-los. A ajuda dela era a companhia, uma grande amiga. Quando me via mexer nos equipamentos de pesca, já se preparava para entrar no carro comigo”, diz.
“Pesquei um surubim de 52 quilos”
O argentino Martín Peredo, 46, que afirma ser pescador desde os seis anos de idade, diz que viu seu filho, Agustín, 16, pescar um surubim de 52 quilos em Corrientes, na Argentina, onde moram.
“Ficamos quatro horas sem conseguir pescar nada e, de repente, quando meu filho sentiu puxar a vara, não acreditamos quando tiramos o peixe da água”, afirma.
“Não sabia o que fazer com o peixe”
Aos cinco anos, o engenheiro Moacir Bernardes Guimarães ganhou uma vara e foi pescar no lago da fazenda da família, em Socorro (SP).
Quando percebeu que tinha pescado uma carpa, se assustou. “Eu não sabia o que fazer com o peixe, coloquei a vara nas costas e saí correndo”, diz, rindo da inexperiência.
Depois do ocorrido, Guimarães, hoje com 36 anos, resolveu aprender a pescar “de verdade” e nunca mais parou. “De equipamento, já devo ter gasto uns R$ 10 mil; é a minha diversão”, afirma.
Assim como os demais entrevistados, Guimarães afirma ser adepto do “pesque e sole”, modalidade em que os peixes fisgados são devolvidos vivos à agua, pouco tempo depois de terem sido pescados.
“Tratamos como um esporte mesmo: pescamos, tiramos fotos e depois devolvemos para a água. Para comer, só os peixes menores; peixes grandes são reprodutores e devem ficar na natureza”, diz o pescador e empresário José Leão.