Plantas aquáticas cobriram o trecho do rio Tietê em Barra Bonita e Itapuí (SP) nas últimas semanas. Elas estão interferindo na navegação e na pesca. A situação só melhorou quando a barragem foi aberta para liberar a água acumulada. Segundo especialistas, a proliferação deste tipo de planta é resultado de alguns fatores, como a poluição.
Os pescadores de uma das maiores colônias do estado de São Paulo, localizada em Igaraçú do Tietê estão preocupados. “Tem pescadores que já perderam várias redes. Esse aguapé quando pega leva tudo embora e justamente nesta época é quando o pescador vende melhor o seu pescado e praticamente ele fica impossibilitado de trabalhar por causa desse aguapé”, informou o presidente da colônia de pescadores, Edvando Soares de Araújo.
A grande quantidade da planta aquática impede também que a luz do sol chegue até o fundo do rio onde ficam as algas, responsáveis pela oxigenação da água. Apesar da situação, os pescadores garantem que por enquanto não houve registro de mortandade. O volume de plantas aquáticas é grande e com a correnteza se espalha por quilômetros. “Antigamente não era assim não. A gente estranha pelo jeito do rio estar assim. É minha primeira vez vejo isso”, disse o pescador Jones Henrique de Oliveira.
Em vários trechos do rio podem ser encontrados lixo, que é despejado pela população no leito do Tietê. Bolas, garrafas de plástico, de isopor e até calçados são encontrados na água, além da matéria orgânica. Segundo o gerente regional da Agência Ambiental do Estado de São Paulo, dos 29 municípios atendidos pela Cetesb, sete ainda despejam o esgoto no rio.
“A poluição, principalmente de municípios que não tratam de esgotos, essa matéria orgânica é despejada sem tratamento e contém fósforo, nitrogênio, mas o estado de uma maneira geral ele tem fomentado que os municípios tratem os esgotos. A agência de Bauru administra 29 municípios e apenas sete não tratam o esgoto, mas tem projetos aprovados e a previsão de tratamento é até o final de 2015”, explicou o gerente regional da Cetesb, Alcides Tadeu Braga.
O aguapé é uma planta geralmente encontrada nas margens dos rios e lagos. Algumas variedades também dão flores. Em pequena quantidade ela serve como filtro natural e ajuda na limpeza de alguns poluentes que atingem a água. Mas a superpopulação neste período é considerada atípica. E em vez de ajudar só tem atrapalhado os que moram na região e o próprio ecossistema.
“O problema é que essa água não pode ser usada para a recreação. A Cetesb, em função dos dados verificados em coletas, informou à Vigilância Sanitária Estadual e as municipais. Nesse momento a Cetesb até utiliza os meios de comunicação para informar que essas águas não podem ser utilizadas em função da toxidade desses micro-organismos”, completou o gerente da Cetesb.