Mais dois golfinhos da espécie toninha (Pontoporia Blainvillei) foram encontrados mortos na Praia das Ruínas, em Peruíbe. Os animais, duas fêmeas prenhas, foram identificados por um morador da região no início da tarde desta quarta-feira. A suspeita é de que os mamíferos tenham sido capturados acidentalmente por redes de pescadores. Por ser uma área deserta e sem moradias, o local costuma ser utilizado para pesca, sobretudo, nessa época, no qual são comuns festas da tainha na Baixada.
Na semana passada, outros sete golfinhos da mesma espécie também morreram na praia de Peruíbe. Do total, duas também estavam esperando filhotes. “Esse período é mesmo de gestação. Os filhotes costumam nascer entre outubro e dezembro”, afirmou o biólogo Thiago Nascimento, que participou da ação de recolhimento dos animais.
Os golfinhos foram levados pela Polícia Ambiental ao Aquário do município, onde passaram por necrópsia. “A carcaça ainda estava fresca, dava para perceber que tinham morrido há pouco tempo, não tinham cheiro”, disse o especialista, destacando as marcas encontradas nos golfinhos, que indicavam contato com redes de pesca. “Tinham algumas marcas, não tão aparentes como as da semana passada, mas haviam cortes nas pontas das nadadeiras, característica típica de quando se malha em alguma rede ou apetrecho de pesca”, mencionou Nascimento, que trabalha com a hipótese dos animais terem sido capturados acidentalmente.
Segundo o biólogo, surfistas que passavam pelo local no momento da retirada dos golfinhos, que estavam encalhados na areia, informaram terem visto, por volta das 11 horas, pescadores recolhendo quase um quilômetro de rede. “A pesca ali é regulamentada, mas é preciso ver o que está ocorrendo. A Polícia Ambiental prometeu maior fiscalização.
Nunca vimos uma mortalidade tão grande nessa época junta na praia e ficou claro que eles estavam saudáveis”, afirmou. O Gremar do Guarujá, Biopesca de Praia Grande e da Unidade de Conservação Marinha de Perúibe, que fica no Instituto de Pesca de Santos também foram acionados. A ideia é evitar novas mortes, já que a espécie toninha já está em extinção, justamente, por captura acidental.
“Os pescadores têm consciência de que a pesca tem relação entre o pescado e a fauna acompanhante, mas acabam capturando e isso também dá trabalho pra eles”, comentou Nascimento, que está organizando uma atividade lúdica envolvendo a população, pescadores, artistas plásticos, entre outros especialistas, para alertar sobre a situação e ainda transmitir informações sobre os animais e assuntos relacionados a vida marinha. A previsão é de que o evento esteja definido até a próxima segunda-feira.