Diminuição de peixes é problema grave na região do Rio Paraguai – Portal Pesca Amadora Esportiva Diminuição de peixes é problema grave na região do Rio Paraguai | Diminuição de peixes é problema grave na região do Rio Paraguai – Portal Pesca Amadora Esportiva

Diminuição de peixes é problema grave na região do Rio Paraguai

Rio ParaguaiUma das maiores riquezas do Rio Paraguai é a incrível quantidade e variedade de peixes que vivem em suas águas. Peixes que servem de alimentos a outros animais como aves, répteis e alguns mamíferos. É uma das bases da cadeia alimentar. Sem peixe, a riqueza da fauna pantaneira não existiria.

Para mostrar os peixes do rio, fomos a um afluente do Paraguai, na fazenda Porto São Pedro. O mergulhador e documentarista de natureza Lawrence Wahba acompanha a equipe de reportagem.

“Essa região tem três rios de água muito clara e que possibilita a gente observar esses mesmos peixes que depois, quando vão para o Rio Paraguai, não são observáveis, é difícil de filmá-los porque a visibilidade é muito reduzida”.

O Paraguai é um rio com 270 espécies de peixes, além de outros bichos mais assustadores, mas que nem se incomodam com a presença da equipe. Um cardume de Corimbatás e uma arraia nadando rente ao fundo do rio. Peixinhos coloridos contrastam com a vegetação aquática.

Um problema grave é que toda a riqueza aquática está ameaçada. O dono da fazenda onde mergulhamos, Armando Lacerda, faz um alerta: “existe uma sobrepesca no Rio Paraguai. Costumo dizer que o peixe não está tendo descanso mais, durante o dia você tem uma intensa atividade de pesca turística e durante à noite, os pescadores profissionais. Então, o peixe não tem mais o direito de descansar”.

Muitas pessoas pensam como Armando. Na despensa de um restaurante de Corumbá, MS, encontramos peixes de vários locais, nenhum da região do Pantanal. Tinha filé de pintado de cativeiro, que veio de um criador a 700 quilômetros de distância. Tambaqui, peixe da Amazônia e filé de Pangá, um peixe do sudeste asiático, do Vietnã, do outro lado do mundo.

Hoje em dia, a pesca na região funciona assim: o pescador profissional tem cota de 400 quilos de peixe por mês; o amador, o turista, pode levar dez quilos de peixe e mais um exemplar – seja de que peso for e ainda cinco piranhas. Além disso, todo ano tem tanto tempo de defeso, quando é proibido qualquer pescaria.

Para alguns especialistas, é preciso um novo modelo da fauna aquática pantaneira. O professor Thomaz Lipparelli foi chefe do serviço de recursos pesqueiros de Mato Grosso do Sul durante muito tempo: “Temos aqui um processo de gestão totalmente equivocado e que nós chegamos ao limite da irresponsabilidade”, alerta.

Existe um projeto de lei no Congresso Nacional propondo moratória de cinco anos na pesca do Pantanal para recuperar os estoques. Apresentado em dezembro de 2011, o projeto ainda não foi votado. “É uma medida, que já deveria ter sido tomada há pelo menos uns dez anos, excelente. Com ele, nós vamos ter uma paralisação da atividade pesqueira, tempo suficiente para que os estoques possam se recompor”, lembra o professor.

Além da pesca excessiva, existem outras ameaças, como a construção de usinas e barragens nos afluentes do Rio Paraguai. Mais de 40 já estão funcionando. Um risco grande para os peixes que perdem locais de abrigo, alimentação e reprodução. “Hoje existe a previsão de instalação de mais de 120 empreendimentos hidrelétricos que, caso implementados, podem impactar de forma muito significativa o Pantanal, inclusive com a falência de todo o ecossistema”, diz o procurador da república Wilson Rocha.

A erosão das margens do Paraguai e afluentes é outro ponto que afeta a qualidade da água do rio. A pesca esportiva no Paraguai e seus afluentes é a grande atração do turismo no Pantanal. E ela sustenta outro tipo de trabalho: fomos a Porto da Manga para conhecer os isqueiros, gente que pega a isca que vai ser usada pelos pescadores.

A principal isca é o peixe Tuvira é estima-se em 2000 o número de coletores dessa isca no Pantanal. “A tuvira pega pintado, pega todos os peixes de couro”, diz Eliene, isqueira.

A luta pela tuvira começa com uma caçada no mato pra achar cupim. Mas tem que ser o cupim que está nas árvores, que tem bastante bicho. O cupim que está no chão não serve para ser isca de pegar tuvira. Com a isca da isca na bagagem, Eliene e o marido, Adão, chegam ao local do serviço.

A pesca da isca é arriscada pela presença de cobras e porque só pode ser pescada no escuro. Se tudo correr bem, o casal consegue tirar até R$ 200 por noite, mas também pode voltar pra casa de mãos vazias.

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