Com a estiagem que vem se prolongando há meses, o nível dos rios do Triângulo Mineiro está cada vez mais preocupante. O resultado pode ser visto na represa da Usina de Marimbondo, em Fronteira, na divisa de Minas com São Paulo. A hidrelétrica, que utiliza a água do Rio Grande, tem capacidade de produzir energia para cerca de dois milhões de pessoas. Mas a situação está tão crítica, que atualmente trabalha com apenas 13,67% da capacidade total. Moradores da região que dependem da pesca também sofrem com a seca.
A régua indica que faltam apenas cinco metros para atingir o nível mínimo de operação. Mesmo assim, o Ministério de Minas e Energia garante que não há possibilidade de racionamento para este ano.
Porém, esta não é a única preocupação, já que muitas famílias tiram o sustento do Rio Grande. Em um dos trechos, muito utilizado para pesca, em meses de cheia a profundidade chega a quase cinco metros. Hoje, o nível está tão baixo, que é possível andar sobre as pedras.
“Já houve época em que pegávamos cerca de 200 kg de filé de cascudo. Agora, o pescador vai, arma seis redes e pega apenas 3 kg. O peixe está escasso. Tá difícil trabalhar”, relembrou o pescador Antônio Gonçalves.
Dificuldade também para José Capristo, que há mais de 50 anos vive da pesca e do aluguel de barcos. Segundo ele, há muito tempo não via o nível do rio tão baixo. A frota conta com onze barcos, e já faz tempo que alguns nem entram no rio. “A mesma situação aconteceu há 20 anos. Esta não é a primeira vez. Quando o rio enche, cerca de 5 a 10 barcos são alugados todos os dias. Agora, às vezes não se aluga nenhum”, lamentou.
Com pouco peixe no rio, e sem pescador interessado em navegar muito, já começa a faltar produto nas peixarias de Fronteira. “Tenho que comprar de frigoríficos do Amazonas, Mato Grosso e peixes de criatório”, afirmou o comerciante Valdez Moura.
Valdez contou ainda que a economia da cidade é movimentada pela pesca, e por isso tem medo de como serão os próximos meses se a estiagem continuar. “Isso não pode acontecer mais, porque o preço do peixe também acaba aumentando e o povo não compra. Pode ficar muito difícil, e gente pode acabar fechando”, argumentou.