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Pescadores culpam barcos por sumiço de peixes do litoral do ES

traineira pescando no ESPescadores que atuam no litoral do Espírito Santo alegam estar enfrentando uma concorrência desleal: as traineiras, barcos equipados com sonar e redes enormes, que cercam e capturam cardumes inteiros. Segundo os pescadores, o que essas embarcações pescam em um único dia, as pequenas embarcações levam um ano para capturar. Além dos próprios pescadores, um oceonógrafo e o presidente da Federação das Colônias de Pesca do estado culpam a atuação das traineiras pelo desaparecimento de algumas espécies do litoral do estado.

Todas as traineiras que pescam no litoral capixaba são de outros estados. As embarcações medem de 20 a 35 metros de comprimento, e tem capacidade para armazenar até 150 toneladas de peixe. Elas pescam com redes que podem ter quilômetros de extensão e chegam a mais de 100 metros de profundidade. A traineira também tem um sonar. Em alto mar, quando o equipamento localiza um cardume, a rede é lançada. No fundo ela se fecha como um cesto e nenhum peixe escapa.

O oceonógrafo do projeto Tamar, Nilamon Leite Júnior, defende a proibição das traineiras no litoral do estado. Segundo ele, esse tipo de embarcação tem autorização para pescar sardinha, um peixe que não é muito comum no litoral capixaba. “O problema é que quando ela vem para a costa do Espírito Santo, onde a gente não tem uma grande ocorrência de sardinha, ela acaba cercando outras espécies. E é isso que causa um impacto, uma concorrência desleal com a nossa frota, que é uma frota artesanal. Os pescadores falam que muito do peroá que a gente já não tem mais aqui no estado na quantidade que tinha antigamente, foi pescado também por essa pescaria de cerco”, disse.

O pescador Maurício de Oliveira vive da pesca há 50 anos em Vitória. Depois que as traineiras chegaram, as redes dele voltam do mar cada vez mais vazias. “Pegava 200 quilos, hoje em dia não pega cinco. Depois que esses barcos grades chegaram, acabou, não deixam mais passar nada, mata tudo”, disse.

O presidente da Federação das Colônias de Pesca do estado, Advalter Lima, também culpa as traineiras pelo sumiço de algumas espécies do litoral do Espírito Santo. “O xaréu, o xixarro, a rixosa e outros mais. Estão com o nosso peixe na costa do nosso estado. Nós olhando, as autoridades olhando, e nada fazem para que possamos barrar esses peixes para os pescadores artesanais pescarem com tranquilidade, sustentar a família. Daqui a uns dias não vamos ter nem pescador artesanal no estado”, falou Lima.

O dono das traineiras alegou que tem autorização para pescar do Sul ao Sudeste do Brasil e garantiu que não está degradando o meio ambiente. “Todo peixe que faz cardume, que é agrupado, nós podemos pescar. Esse tipo de pesca nossa não é predatória. É uma pesca que você pode cercar e ao mesmo tempo pode abrir a rede e o peixe sair vivo. É diferente de outro tipo de pesca que usa rede de espera, que é uma rede de malha, onde o peixe morre enforcado e preso. Nós não capturamos o peixe, ele fica dentro de uma rede, como em um viveiro e aí você analisa. Se vier, por exemplo, uma tartaruga, você tem como tirá-la viva e devolver ao mar”, explicou.

O Ibama que, junto com o Ministério da Pesca, fornece a licença para as traineiras, explicou a situação. “É uma licença genérica, então para a maioria das traineiras que pescam no Espírito Santo, a licença é para sardinha. Só que a licença aberta permite que elas pesquem sardinha e fauna acompanhante, então praticamente abre para todas as espécies de peixes em toda quantidade”, explicou o chefe de fiscalização do Ibama, Givanildo Lima.

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