O Rio Grande, que leva esse nome justamente por suas dimensões, deixou há muito tempo de ser o mesmo. De enorme não restou muita coisa e em alguns pontos ele já está quase seco. O efeito disso é sentido nas usinas hidrelétricas que se servem de suas águas, como Furnas -uma das principais do País e que tem hoje em seu reservatório menos da metade da água que tinha um ano atrás.
A usina iniciou setembro do ano passado operando com 60,61% de sua capacidade, índice que já era considerado baixo para o período. Porém, um ano depois, este porcentual despencou e, hoje, Furnas tem seu reservatório funcionando com somente 27,55% de sua capacidade.
Para piorar, o que se vê ao longo do Rio Grande é pouca água e outras usinas em situação ainda mais crítica. Marimbondo, que há um ano estava com 66,7% de sua capacidade, hoje marca apenas 11,73%. Já a Usina de Água Vermelha, que iniciou setembro de 2013 com 69,09%, agora tem 15,04%. A medição é feita pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), que, para evitar um colapso, costuma dividir a água dos reservatórios, liberando os mais cheios para abastecer os mais vazios.
O baixo nível das represas se deve à seca recorde registrada na Região Sudeste, onde no geral as usinas operam atualmente com 30,27% da capacidade. Somente as hidrelétricas do Rio Grande respondem por 25,73% da energia produzida nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Peixes
Se o setor energético sente a falta de chuva, os pescadores são ainda mais penalizados. No Lago de Furnas, na região de Alfenas, de quase 200 pessoas que viviam da pesca, hoje são pouco mais de 50. O motivo é a estiagem que reduziu as margens da represa e acabou com muitos tanques de criação de peixes.
De acordo com a associação do setor, será preciso que o lago fique bem mais cheio para que a atividade possa ser retomada. Isso porque, com a represa baixa, criar peixe virou uma atividade de risco, já que com a seca persistindo é preciso mudar os tanques de local com frequência, o que aumenta os custos.