Funai mantém proibição de acesso a terra indígena isolada no MT
A portaria da Funai (Fundação Nacional do Índio) que proíbe a entrada de não índios na terra indígena Piripkura, que fica entre Colniza e Rondolândia, cidades a 1.065 km e 1.600 km de Cuiabá, respectivamente, foi prorrogada por mais dois anos. Na área de 242 hectares vivem isolados os índigenas Tyku e Mondé-i, supostamente os dois últimos membros da etnia. Eles se comunicam por meio da língua tupi-kawahib, subgrupo do idioma tupi, e sobrevivem da caça, pesca, coleta e fabricação de utensílios.
A restrição ao acesso à terra é para proteger os dois indígenas do contato com pessoas, evitando, assim, a exposição a doenças. A portaria, divulgada no Diário Oficial da União (DOU), tem sido prorrogada desde que foi publicada pela primeira vez, em 2008. A determinação é que apenas pessoas autorizadas pela Funai, por meio da Coordenação-Geral de Índios isolados e Recém-Contactados possam permanecer na terra indígena.
Os primeiros contatos da Funai com os piripkuras foram feitos em 1985, após denúncias da Prelazia de Ji-Paraná (RO), a partir de um trabalho da Opan (Operação Amazônia Nativa), de que os índios estavam sofrendo violência e sendo explorados em fazendas e madeireiras. Na época, um grupo da Funai chegou a iniciar o processo de identificação e delimitação da terra indígena, mas as ações não chegaram a ser concluídas.
“Parte do grupo indígena desapareceu depois disso. E, quando os índios foram recontactados, em 2007, foram encontrados somente esses dois”, disse Elias dos Santos Bigio, que atua na Frente de Proteção Etnoambiental Madeirinha Juruena, da Funai em Mato Grosso. “Um deles estava bastante doente, com pedra na vesícula, e um processo inflamatório muito grave. E depois também pegou malária”, disse Bigio.
O processo de demarcação da terra indígena tramita na Justiça Federal, após ação civil pública do Ministério Público Federal. Além de Tyku e Mondé-i, também haveria o registro de uma índia da mesma etnia que atualmente viveria em Rondônia.
A Funai reconhece o risco de extinção dos piripkuras, mas diz que ainda não é possível ter certeza se esses são os últimos representantes da etnia. “Esses dois índios afirmam que há mais membros na floresta. E, se esses dois conseguem viver escondidos até hoje, achamos possível que outros índios possam ter conseguido também”, disse Bigio. “E eles querem continuar isolados”, acrescentou.
Em Mato Grosso, segundo a Funai, há nove referências de etnias isoladas, sendo que algumas delas podem estar dentro de terras indígenas – demarcadas ou não. Porém, só há medidas de restrição a acesso a Piripkura e outras duas: as TIs Kawahiva Rio Pardo, em Colniza, e Apiaká do Pontal e Isolados, em Apiacás.
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