Pescadores da região de Botucatu, no interior de São Paulo, já retiraram cerca de 600 metros cúbicos de lixo em 140 quilômetros de margens da represa de Barra Bonita, no Rio Tietê.
O material, em volume suficiente para encher 20 caminhões, foi levado para a Cooperativa de Agentes Ambientais de Botucatu e passa por uma triagem.
A parte reciclável será convertida em renda para os pescadores, que, neste período do ano, são proibidos de exercer a atividade por causa da piracema – época de reprodução dos peixes.
A coleta do lixo começou há 15 dias e foi encerrada no final de semana, mas pode ser retomada quando ocorrerem chuvas na Região Metropolitana de São Paulo.
Carreadas para o Rio Tietê, as águas da chuva arrastam garrafas PET, isopor, plásticos e outros materiais que acabam sendo levados até a represa, a 200 km da capital, onde são contidos pela barragem de Barra Bonita.
Os pescadores usam barcos e redes para recolher o lixo. A separação de uma parte do lixo já rendeu cerca de 30 toneladas de material reciclável.
A ação, do Grupo Ambiental de Botucatu, com apoio da prefeitura local e da Polícia Ambiental do estado de São Paulo, envolve os profissionais da Colônia de Pescadores Z-20 de Barra Bonita, que mantém vilas de pesca em Anhembi, Botucatu, São Manoel e Piracicaba.
De acordo com o presidente da Z-20, Edvandro Soares de Araújo, além de proporcionar uma renda extra aos profissionais, a limpeza do rio gera benefícios ambientais.
“O plástico leva muito tempo para se decompor e, além de atrapalhar a pesca, a represa tem muitas pousadas e também é usada para o turismo. Para nós, rio limpo significa peixe mais saudável”, disse.
Empresas da região colaboram com a ação bancando o custo do combustível e despesas com o transporte do material.
A estrutura mobilizada inclui dez caminhões, uma pá-carregadeira, 25 barcos e uma barcaça. Cerca de cem pescadores participam da coleta.
Comunidades ribeirinhas são conscientizadas da importância de preservar o rio e têm oferecido apoio à ação de limpeza.
Em agosto deste ano, aproveitando o nível baixo do rio por causa da estiagem, voluntários e funcionários municipais de Salto, a 98 km da capital, retiraram 15 toneladas de lixo do Rio Tietê, no trecho que corta a cidade.
Revista Exame