Para os já praticantes da pesca esportiva, não é novidade alguns argumentos colocados em questão, mas para os que ainda encontram dificuldades em entender a filosofia de um pescador esportivo, essa pode ser uma boa oportunidade para refletir sobre o assunto.
A Pesca Esportiva está contida dentro dos conceitos da pesca amadora, porém sua prática não implica necessariamente no abate do pescado. O principal objetivo é a prática do esporte, num convívio sadio com a natureza conservada onde o pesque-e-solte é prioridade, e dos peixes, ficam guardadas apenas imagens.
Defender a ideia de que o pescador esportivo deve liberar todos peixes capturados e não consumir o produto de sua pesca, seria radicalismo. A filosofia é de que o consumo do peixe seja fruto do abate de quantidade necessária e suficiente para o uso imediato, sem exageros e desperdícios.
Com isso podemos garantir cada vez mais a sobrevivência dos peixes, para que a pesca esportiva seja vista como uma aliada ao meio ambiente e uma forte geradora de recursos e renda ao país e profissionais do ramo. Se considerarmos que a pesca é uma atividade atávica e que seguirá sendo executada, a pesca esportiva, com sua mais relevante atitude que é o pescar e soltar pode garantir sua eterna continuidade.
Se antes deste estilo de pesca, 100% dos peixes pescados eram abatidos, hoje temos grande parte deles com sobrevivência garantida. É um conceito facilmente entendido pela matemática: pescar 100, comer 10, soltar 90 e 10 morrerem pelo manuseio, seja ele por mal uso de acessórios ou por falta de cuidados básicos, ainda teremos 80 peixes seguindo seu ciclo de vida e reprodução.
Sempre 80 será mais vantajoso que zero, no sistema mais antigo. Além disso, temos de considerar que a pesca esportiva, por sua continuidade, gerará emprego, renda, e riqueza. Um ótimo e inteligente modelo a ser seguido.
Vários estudos realizados, inclusive um feito no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Ibama/CPTA, apontou que em pelo menos 90% dos casos, os peixes soltos após a captura já estão totalmente recuperados dos ferimentos causados pela pesca.
O estudo destaca que, apesar das ocorrências em uma pescaria serem as mais imprevisíveis, quando o peixe é manuseado de forma a provocar um mínimo de agressão, a sua recuperação é mais rápida e, após a liberação, ele terá melhores condições para se defender contra os agressores com quem convive no mesmo ambiente.
Isso comprova que a pesca esportiva e o pesque e solte contribuem para um melhor equilíbrio e conservação das espécies, porém há de se saber entender e separar o que acontece com os peixes quando capturados em seu habitat natural e os capturados em pesqueiros particulares, pois em áreas naturais, a recuperação é mais certa do que nos pesqueiros .
Analise e cuidados
Vários estudos já apontaram que os peixes não possuem terminações nervosas, especialmente na região da boca , sendo assim não sentem dor quando são fisgados, por esse motivo ele tenta se livrar com voracidade da isca. Ao perceber que está preso, o instinto é se soltar rapidamente, isso por perceber que se prendeu e não por sentir algum tipo de dor.
Obvio que o próprio ato de pescar trás alguma mácula ao animal, mas podemos minimizar muito essas sequelas, se adotarmos alguns destes procedimentos. Se for ser radical em relação sobre a forma que se trata o peixe e como não prejudicar, começaria dizendo que é melhor não usar anzol, o fato de furar a boca do peixe na fisgada, já o machuca e dependendo do local, pode trazer danos na sua regeneração.
Pescadores esportivos de diversas regiões já postaram em fóruns de pesca, fotos de peixes capturados em uma certa data, principalmente tucunarés que possuem uma espécie de digital (Ocelo) na cauda e na cabeça, e semanas depois, fazer uma nova foto com o mesmo peixe capturado. Isso mostra que a prática do pesque e solte e o correto uso de equipamentos, contribuem para que o peixe sobreviva e continue saudável, quando este tem tempo para se recuperar e se regenerar.
Baseado no meu conhecimento e vivência com o pesque e solte e com as dicas que aprendi ao longo dos anos com vários amigos do ramo de pesca esportiva, entre eles Rubens de Almeida Prado, o Rubinho (programa Pescaventura), segue alguns exemplos sobre como proceder quando for pescar.
- Evitar brigas muito longas com o peixe.
- Deixar o peixe descansar antes de embarcá-lo
- Manter o peixe pouco tempo fora da água.
- Nunca colocar a mão nas brânquias.
- Não envolver o peixe com panos ou abraçá-lo para não retirar o muco.
- Procurar pegar no peixe sempre com as mãos molhadas.
- Deixar o peixe descansar antes da soltura.
- Procurar um local de águas calmas e seguras para soltar o peixe.
- Eliminar a farpa do anzol.
- Evitar colocar peixes grandes em cima do barco.
- Equilibrar o equipamento de pesca para não estressar o peixe.
- Manter o peixe o menos possível na posição vertical, pois seus órgãos internos sofrem compressão.
- Não deixar o peixe cair de suas mãos, entre outros.