O peixe cultivado, ou seja, de aquicultura, não é pior e nem inferior que o peixe da pesca. Ele pode sim oferecer alguns riscos (se não for bem manejado) e ter qualidade nutricional diferente mas, só por ser de aquicultura não quer dizer que é ruim.
Os produtores (sérios) têm muitos controles sobre a questão da qualidade da água e sanidade do pescado, para evitar problemas à produção e à saúde dos humanos que irão consumir esse peixe. O salmão, ele não cultivado nem pescado no Brasil, portando todos aqueles encontrados nos supermercados e peixarias são importados do Chile ou países do hemisfério Norte.
Tal peixe se popularizou muito por aqui e em outros países por ser nutritivo, sem espinha e de sabor agradável. Além disso, com a boa aceitação da culinária japonesa no Brasil, o salmão caiu no gosto popular. O salmão possui carne firme, cuja coloração avermelhada se deve aos pigmentos presentes nos insetos e crustáceos que compõe sua dieta. Pode ser encontrado fresco, congelado ou enlatado.
O salmão cultivado e o salmão pescado (selvagem) podem ter diferenças sensoriais, nutricionais e de preço. A diferença de preço se dá pois antigamente o salmão era abundante e podia ser pescado sem grandes problemas. Entretanto, a intervenção do homem no meio ambiente, como a sobre pesca, o aquecimento global, a poluição e a erosão de seu habitat natural, provocaram uma sensível diminuição na quantidade selvagem.
Embora ainda existam quantidades sustentáveis de salmão selvagem no Alasca, os estoques de salmão inglês e irlandês estão ameaçados de extinção. Por isso, a criação em cativeiro iniciada na década de 1980, atualmente em franca expansão na costa da Escócia, na Noruega e, em especial, no Chile, fez com que o salmão cultivado passasse a ser o tipo mais encontrado nos supermercados e com um preço mais acessível.
Quanto a fazer mal à saúde, o salmão cultivado precisa sim ser bem manejado para que não cause problemas ao consumidor. Para a nutricionista Fabiane Alheira, colaboradora do Conselho Regional de Nutricionistas, é perigoso dizer se o salmão criado em piscicultura faz mal ou não à saúde, pois faltam dados científicos que permitam tal afirmação. De acordo com ela, o fato de os peixes adquirirem coloração rosada pela ingestão de pigmentos sintéticos não é motivo para alarme. “O fato de ser sintético não significa que é ruim, assim como nem tudo que é natural é bom”, ressalta Fabiane.
Segundo o veterinário Sérgio Carmona, presidente da Comissão Científica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), muito da confusão em torno do salmão tem origem num caso de parasitose no peixe vindo do Chile, entre 2004 e 2005.
Na ocasião, algumas pessoas que comeram o peixe contaminado cru adoeceram e as importações foram suspensas. Porém, essa situação foi solucionada e sabe-se que a indústria chilena toma todos os cuidados necessários para evitar o surgimento de qualquer outra doença no peixe, uma vez que a sua indústria hoje é focada e sobrevive nessa espécie.
Ou seja, é importante que os consumidores sejam críticos quanto à origem, fornecedor, manipulação e conservação do pescado. Deve-se conhecer o estabelecimento onde se compra os alimentos, cobrar a seriedade do trabalho do governo e empresas importadoras e, buscar cada vez mais produtos sustentáveis. O trabalho sendo feito de forma séria não ocasionará nenhum problema e nenhum risco ao consumidor, assim como já ocorre com outras cadeias de proteína animal.
Débora Planello é Cientista de Alimentos e fundadora do Portal do Pescado