Rio Doce a Fukushima Brasileira
Para quem ainda não entendeu a dimensão da catástrofe que se deu ao longo do Rio Doce, vou dar a medida da encrenca.
O que está acontecendo no Rio Doce é pior do que a soma dos piores desastres ambientais ocorridos no Brasil dos últimos 30 anos. Some Algodões, Camará, Macacos, os três rompimentos de Cataguases ocorridos em 2003, 2007 e 2009 respectivamente e pode ser incluído nesse bolo Itabirito no ano passado. Por qualquer critério disponível, seja extensão ou volume de rejeitos, essa soma não se compara ao que ocorreu com o Rio Doce.
O que está acontecendo é pior do que a soma de todos eles, isso mesmo, some tudo e ainda não teremos a mesma dimensão de devastação como esse proporcionado pela Samarco.
Rio Doce Antes do desastre ambiental
A empresa simplesmente diz que se trata de uma fatalidade, será? Não houve qualquer tentativa de impedir o avanço dos rejeitos após o incidente, a Samarco e o governo Brasileiro assistem a chegada de 62 bilhões de litros de uma lama impregnada de metais até o litoral do Espirito Santo de braços cruzados. Sem contar que o rejeito – pela presença do ferro – está cimentando (Isso mesmo) diversas partes do rio. E estamos falando da mais importante bacia hidrográfica dentro da Região Sudeste. Sentiu o problema?
Em 2013, essa mesma barragem já havia sido condenada em um laudo solicitado pelo ministério público de Minas Gerais e nenhuma providência foi tomada. Você sabia disso? Não né!? O que incrimina e condena não vale a pena divulgar, vai que resolvem punir o responsável por isso…
No que se refere a mortes, ainda não se sabe ao certo o número exato, até porque a Samarco (a Vale!) fechou a região das barragens e não dá informação nenhuma. Isso também é inédito: a empresa responsável e quem precisa ser investigada é a única a ter acesso ao local do crime. Pode isso?
A mídia não divulga, mas sabemos que são centenas de pessoas desaparecidas. Só em Bento Rodrigues, metade dos moradores (cerca de 300 pessoas) não conseguiram sair a tempo. Sem contar os milhares de animais mortos ao longo do rio.
Imagine uma longa estrada com quase 800 km de extensão onde se vê apenas destruição. Visualize peixes, vacas, cavalos, cachorros, plantas, enfim, tudo que estava na frente da intitulada LAMA.
DEVASTAÇÃO E PEIXES MORTOS AO LONGO DO RIO
Os peixes, além é claro, da água, são “visivelmente” os mais afetados. Centenas de milhares deles sobem na tentativa de respirar e se livrar do mar de lama contaminada, porém em vão. Esses foram expulsos de sua morada sem aviso prévio e exterminados do rio sem qualquer possibilidade de defesa.
Ninhos de tartarugas lá na foz do rio estão sendo removidos para tentar salvar antes que os rejeitos chegue. Mais inédito do que tudo isso é o absoluto desinteresse da mídia NACIONAL. No primeiro dia, os jornais deram uma pequena e ridícula chamada na primeira página. No segundo dia, o assunto sumiu. No exterior o ocorrido está sendo comentado todos os dias e tratado como um grave crime ecológico.
Rio Doce pós desastre ambiental
Este é o nosso vazamento de óleo do Golfo México, nosso vazamento da Exxon no Alasca, nosso Fukushima, mas quem se importa?
Rogério Godinho (Gazeta Mercantil) e Wellerson Santana (Portal Pesca Amadora)
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