Insegurança prejudica pescadores esportivos na Baixada Santista
As águas calmas dos rios e mares da Baixada Santista deixaram de ser o refúgio de turistas em busca de uma boa pescaria. Assaltos a embarcações têm deixado em pânico quem procura por esse tipo de lazer na região. “Ninguém mais está vindo pescar aqui”, diz o presidente da Federação de Pesca Esportiva, Turística e Ambiental de São Paulo (Fepescasp), Adalberto de Oliveira Filho.
Segundo ele, os pescadores esportivos são abordados por bandidos fortemente armados, em barcos com motores potentes. “Eles chegam em duplas, nos roubam e ainda inibem o pescador a não apresentar queixa na polícia”, diz explicando que os ladrões aproveitam o endereço registrado no documento da embarcação para fazer ameaças.
Carretilhas, varas, motores de barco e até mesmo sonares e aparelhos de GPS têm sido os alvos dos assaltantes. Os produtos são depois vendidos, ilegalmente, em feiras ou sites, afirma Oliveira. “Uma boa carretilha que custou R$ 2 mil é vendida, facilmente, por R$ 500,00. Ninguém sai para pescar com menos de três carretilhas”. O pescador esportivo Elias Carneiro Junior também reclama da insegurança.
“Em Jet ski, por exemplo, o pessoal não quer mais sair porque é assaltado. Mas a maioria não faz boletim de ocorrência. Pescador sai sempre em dois. Família de lancha não está mais saindo com medo de ser assaltada”. Uma das vítimas dos bandidos, neste ano, é um biólogo que não quer ter o nome revelado. Ele foi contratado por um estrangeiro para pilotar um barco pelo Rio Cascalho, em Cubatão.
O passeio para explorar a fauna e a flora foi interrompido quando quatro piratas obrigaram a dupla a pular na água e depois roubou diversos objetos. “A solução, na minha opinião, é retomar o patrulhamento aquaviário que funcionou na região entre 2002 e 2004. Naquela época, vivemos um período de paz”, lembra o biólogo.
Prejuízos econômicos
Moacyr de Abreu Figueiredo é dono de um barco e trabalha como instrutor de mergulho há mais de 30 anos. Ele diz que, no verão, era comum alugar a lancha para pessoas que queriam mergulhar ou passear pelas praias. “Esse pessoal deixou de me procurar, porque escuta um, escuta outro e fica com receio de ser assaltado”.Segundo ele, o motivo não é a crise econômica que o País atravessa.
“Não sou apenas eu que estou tendo prejuízo. Ninguém mais procura barco para fazer passeio. O pessoal comenta que tem medo”, lamenta.“Acho que as autoridades não se atentaram para quanto esse negócio (pescaria esportiva) movimenta as cidades”, diz Carneiro, citando um evento realizado, recentemente, em Presidente Epitácio (SP), que reuniu cerca de 600 pescadores. “A pesca que era feita aqui (Baixada Santista), migrou para Cananeia (Litoral Sul), completa Figueiredo.
Sem dono
Segundo a Marinha do Brasil, a tarefa de coibir a ação de bandidos nos rios e mares cabe aos órgãos de segurança pública. As Capitanias dos Portos e Fluviais, Delegacias e Agências controlam as atividades relativas à Marinha Mercante, segurança da navegação e poluição das águas.
Procurada pelo Jornal A Tribuna, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não respondeu se pretende retomar a patrulha aquaviária, nem explicou o motivo do serviço ter sido extinto. De acordo com a pasta, o policiamento marítimo é de competência da Polícia Federal.
A Polícia Militar Ambiental,diz que mantém na região o policiamento fluvial (rios e braços de mar) que trata apenas de assunto relativos à preservação ambiental.
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