“Não há água, não há peixes”, disse Norma Mollo, do Centro de Ecologia da População Andina. “Isto está afetando definitivamente as comunidades locais, que não têm mais nenhum meio de sobrevivência”.
O lago Poopó, que fica em Oruro, o segundo maior da Bolívia, secou e foi declarado como uma “zona de desastre”. Os esforços para recuperar a área não têm sido suficientes e por causa da falta recursos, membros das comunidades locais que viviam da pesca ou outras atividades ligadas à água do lago, foram forçados a migrar.
“Há 40 dias havia água e os flamingos estavam lá”, conta Valerio Calle Rojas, um dos 150 pescadores da Comunidade Untavi. “Nos anos 90, havia pelo menos 2 mil km² de água”, conta.“Em 1995, 1996, houve uma seca mas a água reapareceu rapidamente. Devia chover agora, mas não está a acontecer”.
Milton Perez, professor da Universidade Técnica de Oruro, evidenciou alguns aspectos das alterações climáticas. “O fenômeno El Niño costumava aparecer de dez em dez anos”, diz. “Mas agora, devido ao aquecimento global e às correntes do Oceano Pacífico, o fenômeno ocorre de três em três anos. Não há tempo suficiente para o lago recuperar e cada vez é pior”.
A crise se agravou no final de 2014, com a seca o lago sofreu com grandes perdas de vida animal. As organizações não governamentais locais já tentaram ajudar a população com a construção de poços e a venda de argila, proveniente da sedimentação da terra, mas não é o suficiente.
O pescador Calle Rojas, com cinco filhos, diz que vai seguir os mesmos passos de dois terços das pessoas que viviam em sua comunidade, fazer as malas e mudar-se para outra cidade na Bolívia ou nos vizinhos Argentina ou Chile.