Passados pouco mais de seis meses do desastre em Maniana (MG), os reflexos dos rejeitos despejados no Rio Doce ainda são visíveis para quem mora nas áreas afetadas. Várias pesquisas realizadas dão conta que o fundo do rio e de parte do oceano onde o rio desagua ainda estão contaminados e impróprios principalmente para a atividade pesqueira.
A Samarco, dona da mineradora onde houve rompimento de uma barragem, em Mariana (MG), que causou o maior desastre ambiental da história do país, destinará R$ 4,4 bilhões para compensar os prejuízos sociais, ambientais e econômicos da tragédia nos próximos três anos. A empresa assinou um acordo para recuperação da Bacia do Rio Doce no dia 02/03.
Fechado com o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, estados afetados pelo acidente, o acordo foi assinado também pelas empresas acionistas da Samarco, Vale e BHP, que terão que arcar com os pagamentos, caso a Samarco não honre o acordo.
O dinheiro será usado por uma fundação, formada por especialistas indicados pela mineradora, que desenvolverá 38 projetos voltados para a recuperação ambiental e socioeconômica dos municípios atingidos, indenização e assistência à população. O valor previsto é parcial e, após os três anos iniciais, novos cálculos determinarão o volume de dinheiro que deverá ser empregado até 2018.
Ao todo, o acordo está estimado R$ 20 bilhões, além de mais R$ 4,1 bilhões a serem aplicados em ações compensatórias pelo prazo de 15 anos. Embora a fundação que vai gerir o acordo seja privada, o controle público será feito por meio da do comitê interfederativo formado por representantes dos governos federal, estaduais, municipais e do Comitê de Bacia do Rio Doce.
Embora vários especialistas tenham divulgado na época previsões de danos catastróficos, que incluiriam danos à reserva marinha de Abrolhos, no sul da Bahia, Paulo Rosman, professor de Engenharia Costeira da COPPE/UFRJ, chegou a afirmar que em abril deste ano o Rio Doce já estaria recuperado, o que claramente não ocorreu.
Após a tragédia, a Advocacia-Geral da União e o Ministério Público dos estados atingidos moveram uma ação civil pública contra as empresas pedindo um valor mínimo de R$ 20 bilhões, a serem pagos em dez anos, para reparação dos estragos socioambientais e econômicos. Após ajuizar a ação, o Poder Público passou a negociar o acordo com as mineradoras com o objetivo de evitar uma lenta disputa judicial.