Governo alinha medidas para ordenamento da pesca do tucunaré no Amazonas
Um conjunto de regras em torno da pesca do tucunaré está sendo desenhado pelo Governo do Estado com o intuito de conservar o estoque da espécie, conter conflitos, regulamentar e zonear a pesca esportiva, comercial e de subsistência na região de Barcelos (405 km de Manaus) e Santa Isabel do Rio Negro (720 km de Manaus).
A ação é classificada como ordenamento pesqueiro e está sob a coordenação da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), em conjunto com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur).
O trabalho se iniciou em abril e já reuniu as comunidades, o poder público municipal, operadores de turismo e colônia de pescadores do médio e alto Rio Negro. Além de organizar a atividade pesqueira, o ordenamento prevê a criação de um fundo de arrecadação com finalidade econômica e social para as comunidades e famílias de pescadores locais, além de apoio a pesquisa. A expectativa do governo é concluir o trabalho até o final deste ano.
A região de Barcelos e Santa Isabel é muito cobiçada pela pesca amadora (esportiva) e comercial do tucunaré, pesca ornamental e de quelônios. O zoneamento deve acontecer desde a Foz do Rio Branco até a fronteira do município de São Gabriel da Cachoeira (853 Km de Manaus).
Na visão do secretário de produção Sidney Leite esse é um trabalho que não pode mais ser adiado. “Há uma preocupação do governo sobre os recursos pesqueiros desses dois municípios e com os possíveis conflitos gerados entre aqueles que vivem da pesca.
Preservação
O ordenamento vem como um instrumento para assegurar a conservação tanto do tucunaré como dos peixes ornamentais e dos quelônios, com o entendimento de que é preciso estabelecer limites sem prejudicar a sustentabilidade alimentar da população que dessa região”, comentou Sidney, ao reforçar que a regulamentação da pesca amadora deve funcionar prevendo contrapartida financeira para as famílias de pescadores.
Dados da Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura da Sepror dão conta que em Barcelos e Santa Isabel existem pouco mais de 1.300 pescadores artesanais. Para o engenheiro de pesca da Sepror, Radson Alves, a ação da pesca extrativa para subsistência somada à comercial e esportiva demandam uma pressão principalmente sobre o estoque do tucunaré. “O Rio Negro é pobre em peixes, por isso, é necessário manejar a pesca como um todo”, ponderou.
Comunidades são favoráveis à iniciativa
A falta de regras e de zoneamento na Calha do Médio e Alto Rio Negro, associada à baixa no estoque do tucunaré, é motivo de conflitos entre pescadores familiares, comerciais e operadores da pesca esportiva. A melhor solução, segundo o presidente da comunidade de Campina do Rio Preto, em Santa Isabel, Aelton Muniz, é estabelecer cotas e zonas de atuação para cada categoria de pescador. “Com esse ordenamento, vai ter limites, pois no caso a pesca comercial, os “geleiros” pescam bastante e acaba prejudicando a comunidade”, disse.
Na comunidade Cumaru, a presença dos turistas da pesca esportiva incomoda. Segundo o presidente da comunidade, Luiz Alberto Araújo, os recursos deixados não beneficiam a todos.
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