Itaipu discute ações para coibir a pesca ilegal no Canal da Piracema
As ações para conter a pesca predatória dentro da usina de Itaipu, especialmente no Canal da Piracema e na área próxima ao Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), foram discutidas na tarde de segunda-feira (13), em reunião na Superintendência de Segurança Empresarial (SE.AD). A pesca nesses locais é proibida durante o ano inteiro.
Participaram do encontro representantes da Segurança Empresarial, Diretoria de Coordenação, Batalhão de Polícia Ambiental/Força Verde da Polícia Militar do Paraná, da empresa de segurança terceirizada que presta serviço dentro da usina e os agentes da Itaipu responsáveis pela vigilância no canal.
A reunião também serviu para divulgar à imprensa os prejuízos provocados pela atividade irregular e os riscos que os pescadores enfrentam quando se aventuram a pescar em local proibido, sejam eles amadores ou profissionais.
O superintendente da SE.AD, Rogel Abib Zattar, citou que somente no último período da piracema (de novembro ao final de fevereiro), 29 pescadores foram detidos pela Divisão de Segurança da Central (SEOC.AD). Também ocorreram no período 30 ocorrências relacionadas a pesca ilegal, com apreensão de material irregular, como redes e anzóis.
Zattar acrescentou que em reunião recente foram decididas seis ações para reduzir a pesca predatória e alertar as pessoas, entre elas, a intensificação do patrulhamento conjunto por homens das polícias Federal e Ambiental e os agentes de segurança da Itaipu.
Outra ação prevista é a realização de um seminário envolvendo delegados da Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Estadual e Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), representantes do Judiciário Estadual e Federal – entre outras autoridades. A ideia é apresentar um diagnóstico do problema e discutir medidas para reduzir as ocorrências.
O gerente do Departamento de Operação de Segurança (SEO.AD), Alexandre de Andrade Cardoso, explicou que no Rio Paraná a pesca é proibida em um trecho de aproximadamente 5 quilômetros abaixo da barragem. “Todas as áreas proibidas são identificadas com boias e placas. Não tem como a pessoa não saber”, disse.
Faz parte desse setor a foz do Rio Bela Vista, que antes passa por dentro de Itaipu, no Canal da Piracema. Muitos pescadores, no entanto, entram escondidos e camuflados na área, para praticar a atividade irregular.
No Lago de Itaipu, além da faixa de 1.500 metros a partir da barragem – identificada como área de segurança náutica operativa –, a pesca é proibida em dois braços do reservatório, chamados Limeira e Pompa Cuê.
O sargento Marcos Soares, da Força Verde, informa que a pessoa flagrada praticando pesca ilegal na área de Itaipu é encaminhada para a Polícia Federal e pode responder por crime ambiental, com penas que variam de um a três anos de detenção, além do pagamento de fiança. Outro crime a que fica sujeito é o de invasão de propriedade, agravando a pena.
O pescador também pode ser autuado administrativamente pelo Ibama e pagar multas de R$ 700 a R$ 100 mil, dependendo do dano ambiental, com acréscimo de R$ 20 por quilo de peixe capturado. “O policiamento é feito diuturnamente, 24 horas por dia, para inibir as pessoas a cometer esse tipo de delito”, disse.
A bióloga Caroline Henn, da Divisão de Reservatório (MARR.CD), comenta que os peixes abatidos no canal são normalmente de espécies migratórias, ameaçadas e que têm se tornado raras em muitas regiões – como o dourado e o pintado. “Quando você subtrai uma matriz dessas, que está migrando e preparado para reproduzir, o primeiro prejuízo é diretamente ligado à conservação da espécie”, relatou.
A pesca predatória atrapalha também os projetos de pesquisa desenvolvidos por Itaipu para avaliar a eficiência do canal. “Porque muitos desses peixes são capturados para marcação e depois soltos de volta ao ambiente. Na medida em que esses peixes são removidos da nossa amostra, isso afeta os resultados das nossas pesquisas.”
A gerente da MARR.CD, Carla Canzi, acrescenta que, além do pescador, é importante que o cidadão tenha consciência do prejuízo ambiental provocado pela atividade ilegal. “Quando a pessoa daqui da região compra um pintado ou um dourado na época da piracema, ele precisa saber que esse peixe foi retirado do Canal da Piracema. Por isso, temos que conscientizar a população”, finalizou.
Portal Itaipú Binacional
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