A pesca de robalo no Rio Doce vai ser liberada nesta sexta-feira (1), após o período de defeso. De acordo com o oceanógrafo Roberto Sforza, do Instituto Chico Mendes, e com pescadores de Linhares, no Norte do Espírito Santo, a liberação pode aumentar o ‘estresse’ do ambiente e causar problemas à saúde da população, por causa da contaminação provocada pela lama de rejeitos de minério.
“Com a lama, teve a contaminação, a mudança do perfil de sedimentos, a mudança da característica ambiental e isso se reflete nas espécies. Há duas situações em risco: primeiro, que esses animais podem estar contaminados pelos metais pesados e a pesca aumentar essa contaminação; e, segundo, que as espécies tragam problemas à saúde da população”, falou Sforza.
No final de maio, foi divulgada uma análise feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), concluindo que espécies de peixes e camarões coletados na foz do Rio Doce estão com níveis de metais acima do estabelecido pela legislação ambiental. Por isso, o ICMBio e o Ibama recomendaram que a pesca na região da foz do Rio Doce continuasse proibida.
Segundo Sforza, ainda não foram feitos estudos conclusivos sobre a situação do robalo no rio. Assim, a recomendação é que a pesca não voltasse neste momento.
Além disso, o fato de a pesca de robalo ser feita com rede configura uma ameaça ainda maior. “Na hora da pesca, pode acontecer de pegar outras espécies contaminadas e trazer mais problemas para a saúde da população”, disse o oceanógrafo.
Pescadores Sabem dos Riscos
Os pescadores da região Norte do estado concordam que, neste momento, por causa da lama de rejeitos de minério, a liberação da pesca de robalo tende a ser perigosa.
“A preocupação é que, quando abrir o defeso do robalo, os pescadores vão partir para dentro. Com essa situação dos rejeitos da Samarco, o pescador não vai só pescar o robalo, mas, sim, todas as espécies. Ele vai transportar o animal para outro estado e vai acabar contaminando outras pessoas também”, falou o presidente da Colônia de Pescadores de Linhares, Milton Jorge.
Da mesma forma, para o presidente da Associação de Pescadores de Povoação, Simião Barbosa dos Santos, a situação é de risco, ainda mais com a pequena quantidade de robalo remanescente.
“Eu pegava bastante robalo, desde 1954. Mas, nos últimos anos, está diminuindo o estoque. Aumentou muito a quantidade de pescador, que pesca todo dia e não respeita o defeso. Acabando o defeso hoje, o robalo ainda está frágil e, com esse problema da Samarco, está também contaminado”, destacou.
Portal G1 – Globo.com