Protestos marcam audiência sobre construção de Usina Hidrelétrica no Rio das Garças-MT
A audiência pública realizada nessa quinta-feira (4) no auditório da Prefeitura de Barra do Garças (MT), para apresentação e debates do projeto de construção da Usina Hidroelétrica (UHE) Boaventura, aconteceu com protesto de manifestantes.
Projetada para ser instalada no rio das Garças, afluente do Rio Araguaia, a Usina terá uma área de 12,11 km² inundados para reservatório e deverá gerar energia para abastecer cerca de 105 mil domicílios. A previsão é de que a Usina seja construída no prazo de 2 anos e meio (30 meses).
No auditório lotado, a abertura de debates sobre questões apresentados pelo público participante provocou manifestação de grupos, universitários, comunidades ribeirinhas, indígenas, representantes de ONGs e de diversos outros segmentos protestaram com reclamação e cartazes. Marcando presença, participantes disseram que não houve respostas imediatas e nem esclarecedoras de questionários de interesse da população.
O projeto de construção da usina envolve uma série de impactos de interferências socioeconômica e ambientais que preocupam habitantes de Barra Garças, Pontal do Araguaia e General Carneiro, cidades situadas na região que abrange os dois rios, Garças e Araguaia.
Danos ao meio ambiente
O Botoblog, jornal ambiental do Araguaia, divulgou um parecer sobre a concessão e os danos que a usina pode causar com a sua aprovação.
Quando uma UHE é instalada, o meio ambiente sofre uma série de impactos, um dos mais recorrentes é a morte e extinção de espécies de peixes, devido a interferências nos processos de migração e reprodução destes. O Relatório de Impacto de Meio Ambiente (Rima), produzido pelos empreendedores, destaca também a interferência na vida de outros animais “O barramento do rio das Garças para a Usina Boaventura reduzirá a área de vida dos botos, que não mais se movimentarão livremente pelo rio”, diz o relatório.
Se a Usina for construída, as comunidades que vivem às margens do Rio das Garças também serão impactadas. Propriedades rurais serão desapropriadas e seus moradores indenizados, pois áreas hoje produtivas cederão lugar ao reservatório da Usina. Com as interferências na fauna e flora, as famílias de pescadores que tiram do rio sua renda e sustento deverão enfrentar dificuldades.
Até mesmo as praias do Rio das Garças sofrerão as consequências, pois conforme o relatório “A formação das “prainhas” serão afetadas pelo reservatório e estabelecimento da futura Área de Preservação Permanente (APP) do mesmo, alterando a paisagem local e restringindo, além do uso para lazer e entretenimento, a renda obtida neste período do ano com os acampamentos”, evidencia o documento.
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