Fazendeiros impedem reprodução de peixes bloqueando acessos no Rio Taquari em MS
Um dos principais afluentes do rio Paraguai, o Rio Taquari (MS), na região do Caronal no município de Coxim (MS), vem sofrendo com a ação de fazendeiros que estão realizando o fechamento das bocas das baías, lagoas e canais, impedindo que os peixes retornem para a parte baixa do rio após a desova.
Segundo denúncias feitas por pescadores que acessam a região, os fazendeiros interferem no curso, impedindo o retorno de milhares de exemplares que acabam sufocados e morrendo pela falta de oxigenação, principalmente onde existem a formação de baías, lagoas e canais, onde grande parte dos peixes habitam, se alimentam e já na fase adulta retornam para o o canal do rio no intuito de subi-lo para desovar na parte mais alta, onde existem cachoeiras e corredeiras.
Para concluírem o seu ciclo de reprodução, esses peixes precisam subir o rio em para queimar gordura abdominal, o que favorece a expulsão das ovas, necessitando das águas revoltosas e turbulentas da parte alta para terem um maior aproveitamento de eclosão, pois, caso desovassem na parte baixa, todas estariam vulneráveis a ação dos demais peixes, ou mesmo morreriam devido à baixa oxigenação, devido a disputa por espaço, alimento.
Essa ação de fechamento é feita por grandes latifundiários, utilizando-se de dragas, lacrando as bocas das baías, lagoas e canais divergentes, impedindo que os cardumes voltem para o canal/leito do rio. Com a interrupção do acesso, os peixes que sobem para a desova acabam ficando presos, e por consequência acabam morrendo pela baixa oxigenação da água.
Segundo informou um dos pescadores, isso já é recorrente e dura cerca de 40 anos, tudo isso para “aliviar” a barra de um grupo perante a justiça. A cada ano, um dos fazendeiros pertencente a esse grupo, realiza o fechando de uma baía ou canal, matando milhões de toneladas de peixes.
Ainda segundo o pescador, os fechamentos são todos custeados por um consórcio formado entre eles, que reúne cerca de 7 fazendeiros, todos com dezenas de milhares de hectares. Para gerir a ação e torna-la legal perante a justiça, um desses fazendeiros teria fundado uma ONG chamada SOS Taquari, que manipularia dados para legitimar essas ações.
O resultado disso é a redução dos estoques da região, matando milhares de peixes que não conseguem seguir o seu fluxo na reprodução. Coxim já foi reconhecida internacionalmente como a Capital Nacional do Peixe, mas com esse tipo de intervenção, está perdendo esse posto.
A sensação que os pescadores têm é que a impunidade impera na região, dada a situação de conflito de interesses, já que tais fazendeiros estariam amparados por políticos que acobertam a ilegalidade.
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