Regulamentação do sistema de pesca transforma Andaluzia no paraíso do Atum Rojo

Os fenícios notaram a cerca de três mil anos atrás que no período entre abril e junho, cardumes de atum rojo (atum vermelho, bluefin tuna em inglês, da espécie Thunnus thynnus), passavam pelo Estreito de Gibraltar, cumprindo uma estratégica travessia do Oceano Atlântico para o Mar Mediterrâneo, depois de acumular gordura para encarar o inverno, em busca de águas mais quentes dispostos a se reproduzir.

A espécie ultrapassa os 200 quilos. Eles costuma a passar bem próximos da costa, para evitar o ataque de predadores como as orcas, regressando para o Atlântico entre os meses de agosto e setembro, num ciclo migratório que evidencia sua inteligente estratégia.

Devido a vulnerabilidade a qual os cardumes se expõem nessa trajetória, os fenícios entenderam a necessidade de preservar a espécie e praticando a pesca de maneira sustentável e controlada do atum na Andaluzia, no Sul da Espanha.

Quatro cidades no Estreito de Gibraltar ainda montam suas almadrabas — Conil de la Frontera, Barbate, Zahara e Tarifa —, respeitando cotas e parâmetros estabelecidos pela Comissão Internacional de Conservação do Atum do Atlântico. Quando a cota é atingida, é hora de parar.

A cota não permite a captura de qualquer exemplar de atum, fica liberado apenas os que excedem os 80 quilos (sendo a meta, capturar exemplares de 180kg a 200kg). A partir do peso estabelecido, entende-se que o atum já tenhaa atingido a maturidade e completado seu ciclo reprodutor pelo menos uma dezena de vezes, contribuindo assim para a manutenção da espécie.

Hoje, para quem visita uma destas cidades espanholas, o deleite é justamente experimentar esta que é uma das espécies mais valorizadas por quem tem o paladar apurado, graças ao sistema de preservação adotado. Ainda que a pesca dure alguns meses, graças a um processo de super congelamento a 60 graus negativos, o atum rojo é encontrado nos restaurantes o ano inteiro.