O barco pesqueiro “Oceano Pesca 1” atracou na madrugada desse domingo (25) no Porto de Natal para passar por inquérito dos técnicos da Capitania dos Portos após suposto ataque de uma embarcação chinesa, cujo nome, segundo a tripulação, é Chang Rong.
“Felizmente toda a tripulação voltou pra terra, estão todos bem, 10 pais de família. Mas se nada for feito, no futuro, quando eles forem para o mar novamente, pode ser que não voltem”. Toda a tripulação de 10 pescadores está prestando depoimentos.
Ao Portal G1, o pescador Lucivaldo Batista disse que ele e os colegas chegaram a pedir para que os chineses não atacassem. “Na hora do impacto o barco encheu de água, todo mundo achou que ia morrer. Choramos, ajoelhamos, pedimos a eles para não fazer aquilo com a gente e ficamos pedindo a Deus, só esperando”, relata.
“Muito assustador”, resumiu o cearense Vanaldo Morais, operador de máquinas do atuneiro potiguar. “Quando ele chegou aqui, começou a desacelerar o barco dele e jogar parafuso, e fez a volta, para bater na gente”, lembra.
A tripulação conseguiu resistir ao ataque e voltar no próprio barco.
O Ataque ao Barco
O navio atuneiro potiguar tem cerca de 22 metros de comprimento e o chinês o dobro do tamanho. O ataque aconteceu a 420 milhas da costa brasileira (676 quilômetros), já em águas internacionais. Não houve feridos.
“Está acontecendo uma guerra no mar, uma guerra pelo atum”, disse Gabriel Calzavara, presidente do Sindpesca.
O sindicalista contou que o navio chinês bateu propositalmente no Oceano Pesca I. “Pelo rádio, o comandante chinês disse, em português, que iria mandar ao fundo o navio brasileiro, quando se aproximou muito rapidamente, até bater”, afirmou.
O barco retornou à terra antes da metade do fim da pescaria e com um terço do previsto de pescado – 4 toneladas, quando normalmente o previsto seria 12 toneladas. O Oceano Pesca 1 é um dos barcos mais novos da frota de atum de Natal e tem quatro anos.
O proprietário do barco, Éverton Padilha estima que os prejuízos somando os danos a embarcação e o período que o barco deixou de pescar chegue a R$ 500 mil.
“Sabemos, infelizmente que não serei ressarcido. Mas o que a gente quer é que de alguma forma a diplomacia brasileira e os órgãos internacionais relativos à pesca do atum intercedam nessa questão. Não pode haver novos ataques. Quem fizer isso tem que ser punido ou até banido”.
“Nunca teve nenhum ataque dessa proporção no Brasil. Mês passado os chineses já foram vistos dentro da nossa jurisdição, o que é proibido, e tentaram amedrontar alguns barcos. Agora ir para as vias de fato, fazer um ataque, é a primeira vez que um caso desse é registrado no país”, finalizou Everton.