O consumo global per capita de pescado subiu de 9 kg para 20,5 kg de 1961 para 2018. O número representa quase o dobro do que cresceu a população mundial e teve desempenho melhor do que outras proteínas de origem animal, com média anual de crescimento próxima de 1,5% ao ano.
De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado no mês de junho desse ano, a produção global de pescados atingiu 179 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 401 bilhões em 2018. A aquacultura foi responsável por 82 milhões de toneladas. Do total produzido (pesca e aquicultura) 156 milhões de toneladas foram para consumo humano e o restante para produção de farinha e óleo de peixe.
No Brasil não foi diferente
Nas décadas mais recentes houve ampliação da produção de pescados cultivados, estabilização da pesca extrativa, acréscimo das importações, resultando maior volume da oferta. Conforme dados divulgados pelo Anuário 2020 da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), em 2019 foram produzidas 722.560 toneladas, com receita em média R$ 5,6 bilhões.
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápia, espécie que representa 55,4% da produção do país. Os peixes nativos, liderados pelo tambaqui, participam com 39,8% e outras espécies com 4,6%. Um mercado que gera em torno de 1 milhão de empregos diretos e indiretos.
Desafios com a Covid-19
O setor acredita que a pandemia trouxe um incentivo para o consumo de produtos mais saudáveis e que a aquacultura, envolvendo peixes, crustáceos, moluscos e outros, deve ter mais alcance ao consumidor.
Os pescados cultivados são mais sustentáveis e baratos, rastreáveis e tão nutritivos quantos os de extrativismo. A alimentação vem de vegetais e evita a concentração de metais pesados e contaminantes.
A rastreabilidade também conta a favor. O consumidor está mais preocupado com a procedência do alimento, seu modo de fabricação e os prejuízos que podem causar tanto para sua saúde como para o meio ambiente.
“Tanto a piscicultura quanto a carcinicultura (criação de camarões) foram duramente afetados pelo fechamento geral da rede de food service (bares, restaurantes, cozinhas industriais, etc.), principal canal de vendas de pescados. Para fomentar o consumo, os produtores se reinventaram e começaram a atender pedidos menores para mercados mais próximos da produção. Mas a comercialização já está no caminho de volta com o relaxamento da quarentena em muitos estados” destaca João Manoel Cordeiro Alves, gerente de produtos para Aquacultura da Guabi.