132 Raias mortas aparecem em faixa de areia na baixada Santista

Após o aparecimento de ratos, baratas, peixes mortos e sujeiras na faixa de areia das praias do litoral de São Paulo, agora 132 raias ticonha foram encontradas mortas na Praia do Itararé, em São Vicente (SP), na manhã desta terça-feira (25). O episódio gerou revolta entre os banhistas que passavam pelo local. As raias foram recolhidas pelo Instituto Gremar e levadas para um aterro pela Secretaria de Serviços Públicos (Sesp).

Clayton Gonella Bianchi, de 49 anos, praticante de canoa havaiana, registrou o momento em que as raias mortas foram enfileiradas na praia. “É triste essa situação. Dá raiva desses pescadores que jogam as redes e descartam essa espécie por ser proibida sua pesca. Os animais foram levados por um caminhão de lixo. É revoltante”, desabafou.

A motorista de aplicativo Renata Ometti também manifestou sua revolta. “Até quando vamos ter que cobrar algo tão simples? Pescadores com suas redes são verdadeiros assassinos. Nosso planeta está pedindo socorro. Em pleno 2025, estamos regredindo cada vez mais, com humanos gananciosos passando redes sem fiscalização e deixando na areia centenas de raias e outros peixes mortos”, afirmou.

Pesca e risco de extinção
O biólogo do Instituto AcquaFoz, Rafael dos Santos, explica que as raias encontradas pertencem à espécie conhecida como raia ticonha ou raia-focinho-de-vaca. Segundo o especialista, são seres que nadam em grandes cardumes e, por essa razão, acabam se enroscando em redes de pesca.

“O mais comum para essa situação são as redes de pesca. Esse tipo de morte ocorre principalmente na pesca de arrasto, quando grandes redes são lançadas em áreas profundas e puxadas, arrastando tudo o que está pelo caminho”, observa o biólogo.

Entre as raias mortas havia fêmeas, machos, jovens e adultos, segundo informações do Instituto Gremar. Essa espécie de raias costuma se alimentar de conchas e mariscos no litoral de São Paulo. Por isso, as raias estavam próximo à faixa de areia. De acordo com o biólogo Eric Commin, elas estão na lista de animais com risco de extinção.

Riscos aos banhistas
Especialistas alertam para os perigos do contato de banhistas com as raias, devido a um esporão presente na nadadeira caudal, que pode causar ferimentos graves. Caso raias sejam encontradas, o ideal é não tocar nelas e acionar os órgãos ambientais responsáveis.

Pesca ilegal
Segundo relatos de testemunhas, cerca de duas vezes por semana dois carros e barcos de alumínio com motor de popa entram na areia próximo ao Ilha Porchat Clube com uma rede de arrasto de aproximadamente 100 metros e realizam a pesca local. Ao chegarem à faixa de areia, há diversos comerciantes aguardando com caixas de isopor para comprar os frutos do mar.

Prefeitura
A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) iniciou um monitoramento do caso a fim de investigar e apurar as possíveis causas e justificativas da morte das raias. A Administração Municipal ressaltou que o Instituto Gremar realizou a retirada das raias da areia e uma equipe com caminhão de lixo da Sesp recolheu as raias e as encaminhou para um aterro sanitário.

Jornal A Tribuna

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