Autoridades ambientais dos EUA têm incentivado o abate imediato de espécie conhecida como cabeça-de-cobra-do-norte
Autoridades ambientais dos EUA têm incentivado a população a caçar e decapitar um tipo de peixe cuja população parece estar aumentando drasticamente nos últimos tempos. Conhecido como “cabeça de cobra do norte” (Channa argus), o animal é nativo da Ásia, e ameaça o desenvolvimento dos ecossistemas da América à medida que cria uma competição desleal por recursos com as espécies locais. Por isso, a regra é uma só: quem trombar com um desses precisa cortar sua cabeça.
Com um formato de corpo esguio de quase um metro de comprimento, cabeça grande e coloração marrom-escura, o animal pode assustar os desavisados por seu aspecto que mais lembra um píton do que um bicho marinho, lembra o site BioDiversity4All. Ele ainda surpreende por conseguir sobreviver por longos períodos fora da água, graças à sua câmara branquial que evoluiu ao ponto de absorver oxigênio diretamente do ar.
Espécie invasora
“Como estão fora de seu ambiente natural, esses peixes frequentemente crescem, se reproduzem e se espalham muito rapidamente”, afirma Angela Sokolowski, coordenadora do Departamento de Conservação do Missouri, ao jornal The New York Times.
De acordo com o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, o peixe foi registrado no território pela primeira vez em 2002 em um lago em Maryland. Dois anos depois, outros exemplares foram identificados pelo Rio Potomac, que corta três estados e Washington DC. Mais recentemente, o invasor também foi avistado no Missouri.
Acredita-se que a espécie asiática chegou na América através do mercado internacional de comércio de peixes. A cabeça-de-cobra é comestível e, por isso, é possível que alguns exemplares vivos tenham sido importados ilegalmente ao continente para criação em cativeiro e posterior venda de sua carne.
Existe grande chance de que, em algum momento desse esquema de cadeia produtiva, certos indivíduos foram soltos ou conseguiram escapar dos seus aprisionamentos e chegar às águas abertas. Com disponibilidade alimentos e de condições para se reproduzir, a população da espécie cresceu.
Combate aos peixes
“Esta época do ano é particularmente propícia para avistar cabeças-de-cobra, pois os adultos acabaram de ter os seus novos filhotes, e costumam ficar perto deles para proteção”, afirma Sokolowski. “Uma das características desta espécie é que ela oferece muitos cuidados com os filhotes. Tanto o macho quanto a fêmea tendem a manter os recém-nascidos encurralados, como um grande rebanho”.
Para a especialista, isso é uma oportunidade perfeita para combater os peixes invasores. Pescadores que passam a tarde em busca de robalos, percas-azuis ou percas podem nem sempre estar cientes disso, mas estão na linha de frente da batalha contra as cabeças-de-cobra.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), caso a população se depare com um exemplar da espécie, o mais indicado é matá-lo cortando sua cabeça ou ainda, congela-lo. Ele não deve ser jogado na margem, uma vez que ele pode continuar respirando em terra e se contorcer por bastante tempo até conseguir voltar para a água.
Recomenda-se ainda capturar uma foto do animal para posterior catalogação por especialistas e entrar em contato com a agência de pesca e caça mais próxima. Manter dados sobre o tamanho, a quantidade e a localização dos peixes-cabeça-de-cobra capturados ou avistados é vital para controlar esse peixe invasor.
O Departamento de Conservação do Missouri, destaca que, antes de matar um animal aqypatuci, a população precisa se certificar de que se trata realmente de um peixe cabeça-de-cobra-do-norte. Por vezes, a espécie pode ser confundida com outras, como os bowfins (Amia calva), nativos do território.
Os “parentes” típicos dos EUA costumam apresentar uma nadadeira anal mais curta do que os invasores. Eles também possuem uma coloração verde-oliva, com a presença de uma mancha preta na base de sua cauda.
Além disso, vale salientar que é proibido qualquer transporte, venda, compra ou posse desses exemplares. Pessoas pegas descumprindo isso podem ser indiciadas pela Lei Lacey, que regula a conservação ambiental nos EUA, e condenadas à prisão ou a pagar multas (de valores bastante altos).
Revista Galileu