Pesquisadores avaliam biodiversidade de peixes amazônicos
O Instituto Mamirauá, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciou uma pesquisa para realizar o levantamento da biodiversidade de peixes na Estação Ecológica (Esec) Jutaí-Solimões e Reserva Extrativista (Resex) do Rio Jutaí, oeste do estado do Amazonas.
Conhecida mundialmente por sua extensa rede hídrica, a bacia Amazônica ocupa uma área total de 6.110.000 km², sendo 63% situada em território brasileiro, de acordo com a Agência Nacional da Águas (ANA).
Cerca de 21% das espécies de peixes de água doce conhecidas no mundo está no Brasil, de acordo com o “Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil“, publicado pelo Museu Nacional.
E o número estimado para a região Amazônica é de até cinco mil espécies, de acordo com o livro “Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais”, publicado pela Editora da Universidade de São Paulo (USP).
Além da notória diversidade de peixes encontrada na Amazônia brasileira, acredita-se que haja grande quantidade de espécies ainda desconhecidas, devido à grande extensão, à ampla área coberta pela floreta e às dificuldades de acesso e logística para realização de pesquisas na região.
Inventários locais
De acordo com a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Danielle Pedrociane, os inventários de ictiofauna da região do médio Solimões se detêm praticamente à região da cidade de Tefé e em lagos de várzea entre os municípios de Coari e Manaus.
“A oportunidade de pesquisar nesta área é um privilégio. Poder expandir os estudos para outros locais nos permitirá dar informações à comunidade local e científica. Conhecer o recurso que poderá ser utilizado pelas populações tradicionais, melhorando a sua renda e qualidade de vida. Tudo isso nos permitirá escolher o melhor caminho para buscar medidas de proteção, conservação e uso sustentável dos recursos naturais para esta e futuras gerações na Amazônia”, reforçou a pesquisadora.
Manejo e conservação
As informações geradas pelo estudo podem contribuir para revisão do plano de manejo da Resex. De acordo com Marcelo Vieira, gestor da Reserva pelo ICMBio, o plano contribui para orientar a gestão dos recursos naturais pelos comunitários, por se tratar de uma reserva extrativista.
“A gestão dos recursos deve acontecer de forma sustentável. Hoje, a Resex tem 24 comunidades, com cerca de 180 famílias vivendo ali, que precisam desses recursos. O relatório faunístico é importante, pois é o primeiro passo para qualquer ação em relação ao manejo”, reforçou.
Jonas Oliveira, técnico de pesquisa do Instituto Mamirauá, apontou que outro foco importante do estudo é identificar possíveis espécies que ocorrem na região e possuem potencial para o manejo de peixes ornamentais.
O que poderia se configurar como mais uma atividade para geração de renda para as populações residentes na Resex. “Ficamos muito interessados no tipo de ambiente que tem ali. É uma área onde nunca foi feito esse tipo de levantamento, e temos encontrado muitas espécies diferentes”, comentou.
O conhecimento da diversidade biológica de água doce e o entendimento da distribuição dessas espécies são estágios importantes para sua conservação.
O estudo da biodiversidade de peixes nessas duas unidades de conservação, além de gerar conhecimento científico sobre a região, pode responder a questões ecológicas relevantes, podendo ser considerados indicadores de qualidade do ecossistema.
“Algumas espécies de peixes podem ser consideradas bioindicadoras, a presença, ausência e abundância podem indicar o estado atual do ambiente. Por exemplo, inundação de áreas para represamento da água, desvio do curso do rio, mineração e o desmatamento modificam toda a estrutura das comunidades de peixes. E o resultado de qualquer modificação poderá levar a uma redução acentuada na biodiversidade”, reforçou a pesquisadora.
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