O Brasil pode ser dividido em 5 locais de pesca. Aqui você encontra uma breve descrição
BACIA AMAZÔNICA
A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma drenagem de 5,8 milhões de km², sendo 3,9 milhões no Brasil. Suas nascentes estão localizadas na Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. No Brasil, abrange os Estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima Rondônia e Mato Grosso. Como é atravessado pela linha do Equador, o Rio Amazonas apresenta afluentes nos dois hemisférios do Planeta. Entre os principais afluentes da margem esquerda encontram-se o Japurá, o Negro e o Trombetas; na margem direita, o Juruá, o Purus, o Madeira, o Xingu e o Tapajós.
A Bacia Amazônica é fortemente influenciada pela pronunciada sazonalidade das chuvas. As chuvas começam entre novembro-dezembro na região ao sul do Equador e uns meses mais tarde ao norte do Equador e se estendem por 4 a 5 meses.
Com 6.500km de extensão, o Rio Amazonas é responsável por 20% da água doce despejada anualmente nos oceanos. Embora seja de longe o maior rio do mundo em volume de água, geralmente não é considerado o mais longo. No entanto, considerando-se que, durante o período de cheia, ele se estende mar adentro, provavelmente é também o mais longo. O Rio Amazonas é um rio de planície, possuindo baixa declividade. Sua largura média é de 4 a 5km, mas, em alguns trechos, alcança mais de 50km. Navios oceânicos de grande porte podem navegar até Manaus, capital do Estado do Amazonas, enquanto embarcações menores com até seis metros de calado, podem alcançar a cidade de Iquitos, no Peru, distante 3.700km do oceano Atlântico.
Entre os afluentes do Amazonas encontram-se rios de águas barrentas (ou brancas, como as populações locais se referem a eles), de águas claras e de águas pretas. Os rios de águas barrentas, como o Madeira e o próprio Amazonas, têm essa cor por causa dos sedimentos, ricos em nutrientes, carreados rio abaixo desde as montanhas andinas. Por esse motivo são os rios que apresentam maior produtividade.
Os rios de águas claras, como os rios Xingu, Tapajós e o Trombetas, têm as nascentes nos planaltos do Brasil e das Guianas. Os trechos médio e alto desses rios possuem muitas corredeiras e quedas d’água. Como drenam áreas enormes e muito erodidas, suas águas são relativamente transparentes e alcalinas. Nesses rios, as pescarias com iscas artificiais são bastante interessantes, porque é possível observar os peixes atacando as iscas.
A grande quantidade de areia depositada na planície amazônica deu origem aos rios de águas pretas, os rios mais característicos da Amazônia. Os solos arenosos da bacia são muito pobres em nutrientes, e os rios que nascem sobre eles estão entre os mais puros da Terra, quimicamente falando. Suas características químicas são muito semelhantes às da água destilada. O mais famoso deles é o principal tributário do Amazonas, o Rio Negro, que é também o segundo maior rio do mundo em volume d’água. Por causa da cor, a água do Rio Negro poderia passar por chá preto, mas é mais ácida que Coca Cola, sendo, porém, mais saudável. Uma das características dessa águas é a ausência de mosquitos, o que é um alívio para os pescadores.
O Igapó, como a mata inundada sazonalmente é conhecida, é uma das características mais peculiares dos rios da Amazônia. Vastas extensões de florestas são invadidas anualmente pelas águas dos rios, ocupando uma área de pelo menos 100.000km², e talvez mais 50.000km², se sua extensão ao longo de milhares de pequenos igarapés for considerada. Embora as matas inundadas correspondam a apenas 2% do total da área de florestas da Amazônia, isso representa uma área maior que a da Inglaterra.
Apesar de ficar inundada até 10m de profundidade durante 5 a 7 meses por ano, a vegetação do igapó é sempre exuberante. Além das árvores, os animais, desde os diminutos invertebrados, até os peixes, anfíbios, répteis e mamíferos também desenvolveram incríveis adaptações para viverem nessas áreas inundadas. Como a maioria das árvores da várzea frutifica durante as inundações, para um grande número de espécies, principalmente os peixes, o igapó é um pomar natural. Diferente de qualquer outra parte do mundo, frutos e sementes são os principais alimentos de cerca de 200 espécies de peixes da Amazônia, que invadem os igapós todos os anos.
Os rios amazônicos, com suas praias, restingas, igarapés, matas inundadas, lagos de várzea e matupás (ilhas de vegetação aquática), assim como o estuário, são colonizados por uma enorme diversidade de plantas e animais. A bacia amazônica possui a maior diversidade de peixes do mundo, cerca de 2.500 a 3.000 espécies.
Entre as espécies de peixes esportivos da bacia amazônica encontram-se, apapás, aruanã, bicuda, cachorras, caparari e surubim, dourada, jaú, piraíba, jatuarana e matrinxã, jurupoca, piranhas, pirapitinga, pirarara, tambaqui, traíra e trairão, pescadas, tucunarés e muitos outros. A pesca amadora, famosa pela quantidade e variedade de peixes, geralmente é praticada nos rios, lagos, igarapés, furos e nos igapós. Os rios mais conhecidos e com infra-estrutura para a pesca amadora são os rios Negro, Madeira e Uatumã
Rios que formam a bacia:
- Rio Amazonas
- Rio Solimões
- Rio Negro
- Rio Xingu
- Rio Tapajós
- Rio Jurema
- Rio Purus
- Rio Branco
- Rio Juruá
- Rio Trombetas
- Rio Uatumã
- Rio Mamoré
- Rio Guapor
BACIA DO ARAGUAIA/TOCANTINS
A bacia Araguaia-Tocantins drena 767.000km², sendo que 343.000km² correspondem à bacia do rio Tocantins, 382.000km² ao Araguaia (seu principal afluente) e 42.000km² ao Itacaiúnas (o maior contribuinte do curso inferior). Limitado pelas bacia do Paraná-Paraguai (Sul), do Xingu (Oeste), do São Francisco (Leste) e Parnaíba (Nordeste), o rio Tocantins, o tributário mais a sudeste da bacia amazônica, integra a paisagem do Planalto Central, composta por cerrados que recobrem 76% da bacia. O curso inferior do rio Tocantins e o rio Itacaiúnas são cobertos por floresta amazônica. Entre estas duas grandes regiões, a bacia cruza uma zona de transição, com ambientes pré-amazônicos.
Os rios Tocantins e Araguaia são bastante diferentes. O rio Tocantins é do tipo canalizado, com estreita planície de inundação. Nasce no escudo brasileiro e flui em direção Norte por cerca de 2.500km até desaguar no estuário do Amazonas (Baía de Marajó), nas proximidades de Belém. Os principais formadores do rio Tocantins são os rios Paranã e Maranhão. Este último nasce na Reserva Biológica de águas Emendadas, no Distrito Federal, onde as bacias amazônica, do Paraná e do São Francisco se comunicam. Corredeiras e cachoeiras são os hábitats mais comuns ao longo de seu curso: dominam a paisagem do curso superior, encontram-se espalhadas no curso médio e formavam um importante hábitat reprodutivo no curso inferior, hoje submerso pela represa de Tucurui. As lagoas marginais são raras no rio Tocantins, mas integram importantes planícies de inundação no seu curso superior, na confluência com o Araguaia e logo abaixo da represa de Tucurui.
O rio Araguaia nasce nos contrafortes da Serra dos Caiapós e flui quase paralelo ao Tocantins por cerca de 2.115km. Apesar de ser um rio de planície, apresenta quatro trechos de cachoeiras e corredeiras. Nos trechos de planície, encontram-se a Ilha do Bananal (a maior ilha fluvial do mundo) e inúmeras lagoas marginais. Durante a época de cheia, o rio Araguaia e seus principais afluentes, Rio das Mortes e Cristalino, formam uma enorme planície inundada.
O regime hidrológico da bacia é bastante definido. No rio Tocantins, a época de cheia estende-se de outubro a abril, com pico em fevereiro, no curso superior, e março, nos cursos médio e inferior. No Araguaia, as cheias são maiores e um mês atrasadas em decorrência da inundação da planície do Bananal. Ambos secam entre maio e setembro, com picos de seca em setembro. Como os rios da bacia correm sobre solos pobres em nutrientes, foram classificados como rios de águas claras.
Cerca de 300 espécies de peixes já foram identificadas na bacia. Algumas são típicas da Amazônia central, embora espécies dominantes naquela região, como o tambaqui, não ocorram no Araguaia-Tocantins. No curso superior ocorrem algumas espécies não amazônicas, das quais a tubarana (Salminus hilarii) é o exemplo mais conhecido. A bacia Araguaia-Tocantins também apresenta muitas espécies endêmicas, principalmente no curso superior. De modo geral, há uma diminuição da abundância e diversidade de peixes da foz em direção às cabeceiras, relacionadas principalmente à ausência de áreas de inundação.
O rio Araguaia, entre Aruanã e Luiz Alves, recebe anualmente cerca de 18.000 pescadores amadores. As principais espécies capturadas pela pesca amadora são pacu-caranha, matrinxã, pirarucu, piau-cabeça-gorda, piau-flamengo, pacu-manteiga, pacu-prata, sardinha, corvina, traíra entre os peixes de escama; e, filhote, cachara, barbado, pirarara, jaú, mandubé ou fidalgo, surubim-chicote, bico-de-pato, mandi entre os peixes de couro. O rio Tocantins também já é um destino de pescadores amadores. O reservatório de Tucuruí, no baixo Tocantins, promove anualmente o Torneio de Pesca da Amazônia – TOPAM e o reservatório de Serra da Mesa, no alto Tocantins, também está atraindo grande número de pescadores amadores. Outros reservatórios estão previstos para a bacia, principalmente no rio Tocantins.
Rios que formam a bacia:
BACIA DO PRATA
A Bacia do Prata é a segunda maior bacia da América do Sul. É formada pelos Rios Paraguai, Paraná e Uruguai que juntos drenam uma área correspondente a 10,5% do território brasileiro, com 3,2 milhões de km² Das cabeceiras até a foz, atravessa quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil, abrange os Estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Rio Paraguai é um dos mais importantes rios de planície do Brasil, superado apenas pelo Amazonas. De sua nascente, na chapada dos Parecis, nas proximidades da cidade de Diamantino-MT, até sua confluência com o Rio Paraná, na fronteira do Paraguai com a Argentina, ele percorre 2.621km, sendo 1.683km em território brasileiro. Os principais tributários do rio Paraguai são os rios Jauru, Cuiabá, São Lourenço, Piquiri, Taquari, Negro, Miranda, Aquidauana, Sepotuba e Apa. A Bacia do alto Paraguai possui uma área de 496.000km², sendo que 396.800km² pertencem ao Brasil e 99.000km² ao Paraguai e Bolívia. Da porção brasileira, 207.249km² pertencem ao Estado de Mato Grosso do Sul e 189.551km² a Mato Grosso. Desta área, 64% corresponde a planaltos e 36% ao Pantanal Matogrossense, uma extensa planície sedimentar, levemente ondulada, situada na região Centro-Oeste do Brasil. Com uma área de cerca de 17 milhões de Ha, o Pantanal abrange, além do Estado de Mato Grosso do Sul e parte do Mato Grosso, áreas menores na Bolívia e Paraguai. Ao norte, leste e sul, o Pantanal é limitado pelas terras altas dos planaltos Central e Meridional e a oeste pelo rio Paraguai, que, junto com 132 tributários principais, drena todo o sistema. Os períodos de seca (maio a setembro) e enchentes (outubro a março) podem ser algumas vezes muito severos. A superfície da área inundada pode variar de 10.000 a 70.000km². O clima é predominantemente tropical, com umidade relativa entre 60 a 80%, temperatura média anual de 25°C, podendo durante curtos períodos, apresentar temperaturas próximas a 0°C. Janeiro é o mês mais chuvoso.
As cheias do Pantanal ocorrem em conseqüência das chuvas locais e estão relacionadas a problemas de drenagem, que dificultam o escoamento das águas. Junto às margens do Rio Paraguai, as cheias formam um lençol contínuo que chega a atingir 4m de profundidade; mais para leste, para o interior do Pantanal, as inundações se limitam às áreas mais baixas do terreno chamadas baías, sendo que entre uma baía e outra há escoamento de água através de cursos denominados vazantes que podem ter muitos quilômetros de extensão. As vazantes de caráter permanente, que ligam baías contíguas, são conhecidas como corixos. Estas terras mais baixas estão separadas por elevações, denominadas cordilheiras que não ultrapassam 6m de altura. Existem também as salinas, depressões sem ligação com os rios, que armazenam água de chuva, salobra, e não possuem peixes. A vegetação da região é conhecida como Complexo Pantanal por conter diversas formações vegetais: matas, cerrados, campos limpos e vegetação aquática. O Pantanal é famoso pela grande quantidade e diversidade de animais, principalmente animais aquáticos (aves pernaltas e mergulhadoras, jacarés e peixes). As espécies mais capturadas pelos pescadores amadores são: pacu, pintado, cachara, piranha, piavuçu, barbado, dourado, jaú, curimbatá, piraputanga, jurupensém, jurupoca, e tucunaré (peixe da bacia amazônica introduzido em algumas áreas do Pantanal).
Em virtude da abundância e diversidade de peixes, a pesca sempre foi uma atividade econômica tradicional no Pantanal. A partir de meados da década de 80, o setor turístico se estruturou para oferecer transporte, hospedagem e serviços especializados para o pescador amador, que se tornou seu principal cliente. Cerca de 56.000 pescadores amadores, principalmente de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, visitaram o Mato Grosso do Sul em 1998. Dados do mesmo período indicam que a maior captura ocorreu nos meses de outubro a novembro (época de cheia), nos rios Paraguai, Miranda, Taquari e Aquidauana (Catella et al., 1996).
O Rio Paraná, principal formador da Bacia do Prata, é o décimo maior do mundo em descarga, e o quarto em área de drenagem, drenando todo o centro-sul da América do Sul, até a Serra do Mar, nas proximidades da costa atlântica. De sua nascente, no planalto central, até a foz, no estuário do Prata, percorre 4.695km. Em território brasileiro, drena uma área de 891.000km². Os principais tributários do Rio Paraná são o Grande e o Paranaíba (formadores), Tietê, Paranapanema e Iguaçu.
Na Bacia do Paraná, em seu trecho brasileiro, encontra-se a maior densidade demográfica do País. As águas da Bacia são utilizadas para consumo humano e, também, para a indústria e irrigação. Atualmente, grandes extensões dos principais afluentes do trecho superior do Rio Paraná já são consideradas impróprias para uso humano e para a vida aquática, em virtude da poluição orgânica e inorgânica (efluentes industriais e agrotóxicos) e da eliminação da mata ciliar. De certa forma, as barragens ao longo dos rios têm contribuído para a auto-depuração e retenção de poluentes, sendo constatado melhoria da qualidade da água, a jusante das barragens.
Entre as principais bacias hidrográficas da América do Sul, a Bacia do Paraná, é a que sofreu maior número de represamentos para geração de energia. Existem mais de 130 barragens na bacia, considerando apenas aquelas com alturas superiores a 10m, que transformaram o Rio Paraná e seus principais tributários (Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema e Iguaçu) em uma sucessão de lagos. Dos 809km originais do rio somente 230km ainda são de água corrente. Com a construção de Ilha Grande, a última porção lótica do rio irá desaparecer, e os últimos 30km, ainda em território brasileiro, abaixo do reservatório de Itaipu, também irá desaparecer com a construção do reservatório de Corpus (Argentina/Paraguai).
O último trecho não represado do Rio Paraná apresenta um amplo canal, ora com uma extensa planície fluvial com pequenas ilhas (mais de 300), ora com grandes ilhas e uma planície alagável mais restrita. A planície chega a 20km de largura, apresentando numerosos canais secundários e lagoas. As flutuações dos níveis da água, embora mais prolongadas pelos represamentos, ainda mantêm a sazonalidade e uma amplitude média de cinco metros. Este remanescente de várzea tem importância fundamental na manutenção das espécies de peixes já eliminadas dos trechos superiores da bacia, especialmente espécies de grande porte que realizam extensas migrações reprodutivas. Cerca de 170 espécies de peixes são encontradas neste trecho do rio Paraná.
O Rio Uruguai nasce na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, na junção dos rios Canoas e Pelotas, e possui cerca de 1500km de extensão. O trecho de 625kmm entre Borba e Uruguaiana é navegável. A pesca amadora ainda não é muito praticada na bacia, apesar do grande potencial.
Rios que formam a bacia:
- Rio Uruguai
- Rio Paraguai
- Rio Iguaçu
- Rio Paraná
- Rio Tietê
- Rio Paranapanema
- Rio Grande
- Rio Parnaíba
- Rio Taquari
- Rio Sepotuba
BACIAS DO ATLÂNTICO
Ao longo do litoral brasileiro, existem pequenas e médias bacias hidrográficas denominadas bacias do Atlântico Sul divididas em três trechos: Norte-Nordeste, Leste e Sudeste-Sul.
O trecho Norte-Nordeste é formado por rios localizados ao norte do rio Amazonas e por aqueles situados entre a foz do rio Tocantins e a foz do rio São Francisco. Compreende 10 sub-bacias, iniciando pela sub-bacia do rio Oiapoque, no extremo Norte, e passando pelo rio Araguari ambos no Estado do Amapá. Compreende também as áreas de drenagem dos rios Guamá, Pindaré, Parnaíba, Jaguaribe, Açu e Paraíba. No rio Calçoene, Amapá, o tarpão (pirapema ou camurupim) ocorre em grandes quantidades dentro dos lagos, gerando condições especiais para a pesca esportiva dessa espécie.
O trecho Leste corresponde aos rios costeiros localizados entre a foz do rio São Francisco e a divisa do Rio de Janeiro com São Paulo. Também compreende 10 sub-bacias, abrangendo as áreas de drenagem dos seguintes rios: rio das Contas, Jequitinhonha, Paraíba do Sul e rio Doce.
A partir da divisa do Rio de Janeiro com São Paulo começa o trecho Sudeste-Sul, com 10 sub-bacias: rios Ribeira do Iguape, Itajaí, Mampituba, Jacui, Taquari, Jaguarão e a bacia do arroio Chuí, incluindo a lagoa dos Patos e a lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul.
Nos trechos Leste e Sudeste-Sul, a truta arco-íris foi introduzida nos rios que despencam das regiões serranas (Serra do Mar, Serra da Mantiqueira, Serra da Bocaina, Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul), apresentando uma ótima adaptação. Esses rios correm em terrenos acidentados e pedregosos, possuem águas frias, bastante oxigenadas e livres de poluição e são excelentes áreas para a pesca com mosca (fly fishing). Vale ressaltar, que a região dos Campos de Cima da Serra e a região correspondente em Santa Catarina, dada às condições geográficas, podem ser consideradas a “Patagônia” brasileira. Nessa região os rios não são encaixados, o que permite a pesca de mosca em todas as suas técnicas.
Rios que formam a bacia:
BACIA DO SÃO FRANCISCO
A Bacia do Rio São Francisco é a terceira bacia hidrográfica do Brasil e a única totalmente brasileira. Drena uma área de 640.000km² e ocupa 8% do território nacional. Cerca de 83% da bacia encontra-se nos Estados de Minas Gerais e Bahia, 16% em Pernambuco, Sergipe e Alagoas e 1% em Goiás e Distrito Federal. Entre as cabeceiras, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e a foz, no oceano Atlântico, localizada entre os Estados de Sergipe e Alagoas, o rio São Francisco percorre cerca de 2.700km. Sua calha está situada na depressão são-franciscana, entre os terrenos cristalinos a leste (serra do Espinhaço, Chapada Diamantina e Planalto Nordeste) e os planaltos sedimentares do Espigão Mestre a oeste, conferindo diferenças quanto aos tipos de águas dos afluentes. Os rios da margem direita, que nascem nos terrenos cristalinos, possuem águas mais claras, enquanto os da margem esquerda, terrenos sedimentares, são mais barrentos.
O Rio São Francisco tem 36 tributários de porte significativo, dos quais apenas 19 são perenes. Os principais contribuintes são os da margem esquerda, rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, que fornecem cerca de 70% das águas em um percurso de apenas 700km. Na margem direita, os principais tributários são os rios Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande. A Bacia do São Francisco é dividida em quatro regiões: Alto São Francisco, das nascentes até Pirapora-MG; Médio São Francisco, entre Pirapora e Remanso-BA; Submédio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo Afonso; e, Baixo São Francisco, de Paulo Afonso até a foz no oceano Atlântico.
Desde as nascentes e ao longo de seus rios, a Bacia do São Francisco vem sofrendo degradações com sérios impactos sobre as águas e, consequentemente, sobre os peixes. A maioria dos povoados não possui nenhum tratamento de esgotos domésticos e industriais, lançando-os diretamente nos rios. Os despejos de garimpos, mineradoras e indústrias aumentam a carga de metais pesados, incluindo o mercúrio, em níveis acima do permitido. Na cabeceira principal do Rio São Francisco, o maior problema é o desmatamento para produção de carvão vegetal utilizado pela indústria siderúgica de Belo Horizonte, o que tem reduzido as matas ciliares a 4% da área original. O uso intensivo de fertilizantes e defensivos agrícolas também tem contribuído para a poluição das águas. Além disso, os garimpos, a irrigação e as barragens hidrelétricas são responsáveis pelo desvio do leito dos rios, redução da vazão, alteração da intensidade e época das enchentes, transformação de rios em lagos etc. com impactos diretos sobre os recursos pesqueiros.
As barragens hidrelétricas e para irrigação transformaram o rio São Francisco e alguns de seus tributários. Atualmente, o rio São Francisco possui apenas dois trechos de águas correntes: 1.100km entre as barragens de Três Marias e Sobradinho, com vários tributários de grande porte e inúmeras lagoas marginais; e 280km da barragem de Sobradinho até a entrada do reservatório de Itaparica. Daí para baixo, transforma-se em uma cascata de reservatórios da Companhia Hidrelétrica do São Francisco-CHESF (Itaparica, Complexo Moxotó com Paulo Afonso I, II, III, IV e Xingó). Estes dois trechos e os grandes tributários, onde existem as lagoas marginais, ainda permitem a existência de espécies de peixes migradores, importantes para as pescarias comerciais e esportivas.
Já foram identificadas 152 espécies de peixes nativos da bacia. Entre as espécies nativas mais importantes nos rios e lagoas naturais da bacia destacam-se as migradoras, curimatã-pacu Prochilodus marggravii, dourado Salminus brasiliensis, surubim Pseudoplatystoma corruscans, matrinxã Brycon lundii, mandi-amarelo Pimelodus maculatus, mandi-açu Duopalatinus emarginatus, pirá Conostome conirostris e piau-verdadeiro Leporinus elongatus, e as sedentárias, pacamão Lophiosilurus alexandri, piau-branco Schizodon knerii, traíra Hoplias malabaricus, corvinas Pachyurus francisci e P. squamipinnis, piranha-vermelha Pygocentrus nattereri e piranha-preta Serrasalmus piraya. Muitos gêneros de peixes encontrados na bacia do São Francisco são comuns às bacias amazônica e do Prata. O dourado é um pouco maior que a espécie da bacia do Prata, alcançando 30kg e 1,50m de comprimento. Os pintados são famosos pelo tamanho que atingem, mais de 100kg, embora peixes desse porte não sejam muito comuns.
Vale ressaltar que muitas espécies de outras bacias hidrográficas, ou mesmo espécies exóticas, já foram introduzidas na bacia, quando do povoamento de seus reservatórios e açudes. Entre elas, encontram-se os tucunarés Cichla spp., introduzidos nos reservatórios de Três Marias e Itaparica, em 1982 e 1989, respectivamente, mostrando aumento acentuado de ano para ano; a pescada Plagioscion sp., introduzida em Sobradinho pelo DNOCS no final da década de 70 e, posteriormente, também em Itaparica, com abundância crescente com o passar dos anos, além de diversas outras espécies introduzidas no sistema a partir de experimentos de cultivo como carpas, tilápias, tambaqui Colossoma macropomum, pacu-caranha Piaractus mesopotamicus, apaiari Astronotus ocellatus e o bagre-africano Clarias lazera.
Apesar dos sérios problemas ambientais que se observam na bacia do São Francisco, algumas áreas ainda oferecem condições para uma boa pescaria. Dourados, surubins, matrinxãs, piaparas, curvinas, traíras, mandis, pirá (um bagre endêmico da bacia), tucunarés (introduzidos em alguns reservatórios e no baixo São Francisco), e outras espécies introduzidas e bem sucedidas podem ser capturadas em suas águas, freqüentadas principalmente por pescadores de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal.