Antes de sair para navegar, tenha certeza de que todos os procedimentos e cuidados em relação a mecânica e bom desempenho do barco foram tomadas. A sua segurança e a dos passageiros a bordo são prioridades, a diversão fica em segundo plano. Confira algumas dicas da Náutica sobre segurança a bordo.
Regra número 1: nunca — jamais! — pilote ou deixe alguém pilotar sua lancha (ou jet, ou veleiro, tanto faz) sem ter habilitação para isso. Barcos são bens preciosos, e a vida de quem está a bordo ou nos outros barcos, então, nem se fala.
Também ao puxar um barco a reboque, lembre-se de que o conjunto de carro com carreta precisa de duas vezes mais espaço para frear do que um automóvel convencional. Dirija, portanto, com baixa velocidade e muita prudência.
A bordo de qualquer barco, é obrigatório ter, pelo menos, um colete salva-vidas para cada passageiro. Ninguém precisa vesti-los, mas eles devem ficar guardados em lugar de fácil acesso. E todos os passageiros devem saber onde encontrá-los.
Jamais exceda a capacidade de passageiros do seu barco. Mais vale deixar um amigo fora do passeio do que colocar a vida dele (e a de todos a bordo!) em risco. Se não souber ao certo quantas pessoas o seu barco está capacitado a levar, adote o critério de uma pessoa para cada metro de comprimento do casco.
Troque os rolamentos das rodas do reboque uma vez por ano e examine-os a cada seis meses. Como as carretas costumam entrar na água para receber os barcos, seus rolamentos estragam rápido e isso pode até fazer a roda cair no meio da estrada!
Não é má ideia vestir as crianças pequenas com coletes salva-vidas, mesmo se elas não forem ficar a bordo. É que, em barcos, sempre há o risco de cair na água seja por manobras bruscas ou por falta de cuidados e nesses casos, nem toda criança sabe nadar ou boiar. Dê preferência aos coletes homologados pela Marinha.
Quem tem crianças pequenas ou animais de estimação a bordo deve considerar colocar uma rede de proteção no guarda-mancebo do barco. Ela impede que seres pequenos escorreguem e passem involuntariamente por baixo dele.
Respeite os limites de navegação do seu barco. Uma pequena lancha para passeios em águas abrigadas nunca deve se aventurar em mar aberto. Quando um barco navega fora das condições para as quais foi projetado, fica muito vulnerável às mudanças do tempo.
Proíba as pessoas de ficarem no solário ou na borda do barco durante a navegação. Uma marola ou aceleração mais forte pode fazê-los cair na água.
Todo barco é obrigado a ter a bordo os equipamentos de segurança listados pela Marinha, em quantidade corresponde ao seu porte e categoria de navegação, como estes:
manual do proprietário; luzes de navegação; bóia e coletes salva-vidas; caixa de primeiros socorros; bússola; âncora com, no mínimo, 20 metros de cabo ou corrente; bomba de porão; lanterna; extintor de incêndio; apito; e quadros do Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamentos no Mar—RIPEAM (que trazem as regras de governo e navegação, balizamento e tabela de sinais de salvamento); e cartas náuticas da região onde o barco estiver navegando.
Ao rebocar um barco, prenda-o muito bem à carreta — e, por sua vez, ela ao carro. Lembre- se que, em freadas bruscas, o barco tenderá a vir para cima de quem o puxa.
Não tem idéia do que significa aquela cruzinha com quatro pontinhos na carta náutica? Pois saiba que ela é um sinal de “pedra à flor d’água na baixa-mar”, um dos perigos mais traiçoeiros do litoral. Fique longe delas, porque podem facilmente ser encobertas pelas ondas e desaparecerem a olho nu. Mas continuam ali.
Pequenos veleiros monotipos costumam virar fácil na água. Portanto, amarre tudo o que há a bordo, como remos, bolina, leme e bagagens. Se não, você só irá descobrir bem depois que tudo foi embora, boiando.
Se alguém cair acidentalmente na água, não o perca de vista ou mande alguém ficar olhando só para ele e indicando o caminho a seguir. Isso ajudará muito no resgate, porque, na água (especialmente nas mais agitadas) nem sempre é fácil localizar alguém, já que o corpo humano fica restrito a uma simples cabeça fora d’água.
Não importa sua experiência ou idade: vista sempre um colete salva-vidas antes de subir em um jet, wakeboard, esqui, kitesurf ou qualquer outro brinquedo náutico, como, por exemplo, banana boats. E isso vale tanto para crianças quanto para adultos.
Para o motor de um jet não ser inundado quando estiver sendo rebocado por um barco, é preciso fechar a entrada de água de refrigeração do motor. Use o prendedor metálico próprio para isso.
Por essa mesma razão, não permita, de maneira alguma, gambiarras na parte elétrica de seu barco. Com energia não se brinca.
Apesar do calor e do prazer, deixe as bebidas alcoólicas fora de qualquer passeio de barco. Elas não fazem bem nem ao piloto nem aos passageiros, que, aliás, podem enjoar mais facilmente se beberem a bordo.
Ao sair de barco, informe à marina o seu destino e o provável horário de retorno. Assim, em caso de atrasos ou possíveis problemas, eles ficarão alertas e ajudarão no resgate.
Se o barco for ficar guardado na água, feche o registro do vaso sanitário e tenha certeza de que o acionamento automático das bombas de porão está funcionando. Simples cuidados como estes podem evitar uma inundação a bordo.
Antes de pôr o barco na água, sempre feche o bujão do fundo do casco. E ele só deve ser aberto na volta, para esgotar a água que eventualmente entrou no porão. Todo mundo sabe disso, mas, na afobação da partida, muita gente esquece.
Quem sai para navegar deve ter sempre uma forma de se comunicar com a terra firme, para o caso de alguma emergência. Leve, pelo menos, o celular.
Ajudar quem está em perigo na água é uma atitude obrigatória. Mas rebocar um barco, não! Se for preciso, fique por perto, até o socorro chegar, mas não se meta a fazer o que não sabe, porque o resultado pode ser ainda pior.
Nunca se aproxime demasiadamente de um cabo — qualquer cabo! — muito esticado. Se ele se partir, pode “estilingar” e machucar.
Da mesma forma, não esqueça de fechar todas as vigias e gaiútas da cabine quando acelerar, porque as ondas e os respingos podem inundar o interior do barco.
Regras de segurança a bordo devem ser inegociáveis. Assim, exerça seu poder de “comandante da embarcação” e seja claro e direto nas ordens, especialmente com as crianças, que não têm exata noção dos riscos de uma navegação.
Lembre-se de que mergulhar com cilindros de ar, só a dois! Além disso, sinalize sempre o local onde estiver mergulhando, para os outros barcos não passarem por ali.
Se a bomba de porão não funcionar, você pode usar a bomba de refrigeração do motor para sair do sufoco. Basta trocar a válvula que capta a água de fora do barco por uma, em forma de Y, para ter a opção de tirar a água do porão.
Nunca aproxime o barco das praias (o limite máximo são 200 metros), exceto para embarcar ou desembarcar alguém. E tenha muito cuidado com os banhistas, não deixando ninguém que esteja na água se aproximar do barco em movimento. Lembre-se: hélices são como lâminas afiadas. Por isso, sempre desligue o motor quando houver pessoas na água.
Aliás, deixe sempre um adulto tomando conta das crianças, o tempo todo, especialmente quando o barco estiver em movimento.
Se sua lancha usar motor de centro a gasolina, tenha um alarme indicador de vapores de combustível no compartimento do motor, bem como um exaustor, para dissipá-los. E sempre ligue o exaustor antes de dar a partida no motor, para prevenir-se contra incêndios.
Tenha sempre um apito a bordo, caso a buzina do barco pare de funcionar. Pode parecer primitivo demais, mas apitar quebra um galhão na hora de chamar a atenção no mar.
Aliás, incêndios são mais freqüentes (e danosos) em barcos do que naufrágios!
Eles são a ameaça número 1 a bordo e tudo o que possa induzir ao fogo deve ser evitado. Muito cuidado, portanto, com churrascos a bordo.
Os 10 erros mais comuns de quem começa (ou já sabe) navegar
- Não se informar sobre o tempo ao sair. Quem faz isso corre riscos à toa.
- Sair com pouco combustível. Sem ele, o passeio pode acabar em drama.
- Deixar o combustível envelhecer no tanque. Isso pode até estragar o motor.
- Não consultar cartas náuticas. Quem acha que sabe tudo nada sabe.
- Beber e, depois, pilotar. Não é só no trânsito que o álcool causa acidentes.
- Ir além do barco que tem. Respeitar limites é um ato de sabedoria.
- Levar gente demais a bordo. O peso deixa qualquer barco vulnerável.
- Não revisar os motores. Sai mais barato que conserto e é bem mais seguro.
- Ignorar os equipamentos de salvatagem. Não basta ter. É preciso saber usar.
- Não se proteger contra o sol. Quem anda de barco vive exposto. E não sente.
Revista Náutica Edição nº 235